Resumo
Com o aumento do número de idosos no Brasil e as consequências do declínio cognitivo nesse grupo populacional, o conhecimento da prevalência e o efeito dos diferentes comportamentos sobre as respostas cognitivas podem contribuir para prevenção, redução e proteção da doença. Assim, foram realizadas duas pesquisas: 1) uma revisão sistemática e metanálise para estimar a prevalência de declínio cognitivo em idosos brasileiros; 2) verificar os efeitos hipotéticos da substituição do comportamento sedentário por quantidade equivalente de atividade física de diferentes domínios sobre o declínio cognitivo em uma população idosa da comunidade. Para a revisão sistemática, foram pesquisadas as bases de dados eletrônicas Medline (via PubMed) e Lilacs e selecionados estudos com idosos brasileiros que identificaram a prevalência de declínio cognitivo. A metanálise foi realizada para estimar o declínio cognitivo usando um modelo de efeito aleatório. A heterogeneidade dos resultados foi avaliada pelo teste do qui-quadrado (significância em p <0,10), enquanto a magnitude dos efeitos foi quantificada por I2. O segundo estudo foi realizado com 473 idosos cadastrados na Estratégia Saúde da Família e residentes na zona urbana do munícipio de Alcobaça, BA. Os idosos que preencheram os critérios de inclusão do estudo foram informados sobre o objetivo da pesquisa e deram seu consentimento para participar, responderam a um questionário estruturado em forma de entrevista. O declínio cognitivo foi avaliado pelo Mine Exame do Estado Mental. Para análise dos dados, foram construídos modelos de substituição isotemporal em modelos de Regressão de Poisson. De acordo com a metanálise, a prevalência estimada de declínio cognitivo em idosos brasileiros foi de 28,0% (IC95%: 24,0 – 33,0; I2 = 98,5%). Nas análises dos modelos isotemporais, verificou-se que a substituição do tempo despendido sentado, transporte e sono pelo mesmo tempo na atividade física no lazer pode ter fator protetor para o declínio cognitivo. Os resultados do presente estudo indicam a necessidade de estratégias de intervenção para reduzir a prevalência de declínio cognitivo. Ao considerar intervenções relacionadas a atividade física no lazer e a redução do comportamento sedentário para minimizar os efeitos deletérios do envelhecimento cognitivo, os fatores de atividade física no transporte e sono devem ser levados em conta.