Resumo

: Pesquisas têm mostrado que percepções de dor são influenciadas por características individuais como traços de personalidade e sexo. A catastrofização da dor tem se destacado como um dos preditores psicológicos sólidos da experiência dolorosa de modo que é plausível que se manifeste como um indicador relevante de dor em atletas e artistas.

Objetivo: Determinar associações entre catastrofização de dor e traços de personalidade de bailarinos e bailarinas profissionais. Especificamente, pretendeu-se quantificar escores de pensamentos catastróficos de dor e escores de extroversão, neuroticismo e psicoticismo em bailarinos e bailarinas profissionais. Os valores quantificados permitiram estabelecer correlações e previsões por meio de um modelo de regressão.

Métodos: 82 profissionais de balé ativos brasileiros (26,8 ± 8,1 anos de idade), 59 bailarinas (26,6 ± 8,3 anos de idade) e 23 bailarinos (27,3 ± 7,8 anos de idade) reportaram praticar balé, em média, por 15,5 ± 6,4 anos e declararam trabalhar profissionalmente, em média, 30 horas semanais (6 horas por dia) nas principais companhias de balé de SP, RJ e PR. Os participantes preencheram o Questionário de Personalidade de Eysenck (versão brasileira validada de Tarrier et al, 1980) - cuja avaliação é feita em três traços: psicoticismo (P), extroversão (E) e neuroticismo (N) e a Escala de Catastrofização da Dor (versão brasileira validada "Brazilian Portuguese Pain Catastrophizing Scale"; B-PCS de SEHN et al., 2012) – que mensura itens de percepção de dor sob a perspectiva da catástrofe. Calcularam-se correlações de Pearson entre EPQ e B-PCS, além de um modelo de regressão pelo método enter (catastrofização da dor como variável dependente e os traços de personalidade como variáveis independentes).

Resultados: Na Tabela 1 constam os valores de tendência central de bailarinos e bailarinas nas variáveis de interesse. Nas bailarinas, a única correlação significativa (p=0,034) foi positiva e baixa entre escores de neuroticismo e psicoticismo (r=0,276). Nos bailarinos, houve correlação positiva moderada (r=0,62) e significativa (p=0,002) entre neuroticismo e pensamentos catastróficos de dor (PCD). O método “enter” de regressão foi utilizado e a entrada das variáveis de extroversão e psicoticismo não alterou significativamente os valores do modelo. O modelo estabeleceu a seguinte equação da relação entre neuroticismo (N) e pensamentos catastróficos de dor (PCD): N = (29,76) + (0,38 x PCD). A equação indica que para cada aumento de uma unidade na escala de neuroticismo, a escala de pensamentos catastróficos de dor aumenta em média 0,38.

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