Resumo

A vinculação - ou não - do trabalho do jornalista ao merchandising, ao marketing e propaganda, tem provocado inúmeras discussões nos últimos tempos. Com o avanço da publicidade e do marketing em todas as áreas do entretenimento e de editorias do jornalismo, a TV aberta no Brasil não tem resistido aos constantes investimentos de verbas publicitárias destinadas as suas grades de programação. A mesa-redonda esportiva constitui-se como lócus privilegiado onde se pode verificar esse estado de coisas. As emissoras de tevê se valem de seus apresentadores "famosos" para facilitar a captação dos recursos financeiros. No entanto, uma parte dos profissionais do jornalismo se recusa a articular seu trabalho à publicidade e o merchandising. Esse debate se intensificou, desde o final da década de 1990, e jornalistas esportivos mais resistentes ao papel de garoto-propaganda perderam seus espaços nas tevês abertas que exibem mesas-redondas esportivas. Os que aderiram à nova ordem econômica, e aceitaram imposições mercadológicas,permaneceram em suas funções. Nas análises feitas, a exceção das TVs Globo e Cultura (a primeira, por não incluir a mesa redonda esportiva em sua grade de programação; a segunda, por seu caráter de rede pública de televisão), as demais tevês abertas - Rede TV, TV Bandeirantes e TV Gazeta - adotam a articulação entre as linguagens jornalística e publicitária. É neste contexto que esta dissertação objetivou apresentar um histórico da mesa-redonda esportiva na tevê, no eixo Rio-São Paulo, bem como um levantamento crítico de informações sobre o surgimento e incorporação do merchandising nesse tipo de programa. Avaliou, ainda, a hipótese da existência de duas "escolas" de jornalismo esportivo e, para tanto, acompanhou as trajetórias e os perfis profissionais dos seguintes jornalistas: Milton Neves, também publicitário e Juca Kfouri, destacado por sua postura militante diante de irregularidades no mundo do esporte. A pesquisa desenvolveu-se metodologicamente pela Análise Crítica, com abordagem teórica fundamentada na área das Ciências Sociais pelas idéias do sociólogo Pierre Bourdieu; na Teoria da Comunicação, do jornalista Eugênio Bucci; na Teoria Política, de Antônio Gramsci, no que se refere ao estudo do processo de lutas simbólicas no campo midiático, enquanto fenômenos sociais. Assim são reunidos e discutidos diferentes textos dos autores, entre outros, que dialogam com os entrevistados deste trabalho, a fim de se obterem conhecimentos sobre o debate em questão

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