Resumo

A postura corporal pode ser entendida como o arranjo relativo das partes
do corpo, sendo que um melhor alinhamento das estruturas proporciona
uma distribuição de cargas mais adequada. Sabe-se que na Síndrome de
Down (SD) há tendência a uma série de desordens músculo-esqueléticas e
que o diagnóstico precoce e a intervenção efetiva podem promover
melhorias nesses aspectos. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi
descrever o perfil da atitude postural de indivíduos com SD, pertencentes
a escolas especiais da cidade de Pelotas/RS. A amostra foi selecionada de
forma intencional e compôs-se de 52 pessoas, de 5 a 51 anos de idade,
sendo 20 (38,5%) do sexo feminino e 32 (61,5%) do sexo masculino. Após
a obtenção do termo de consentimento, foram marcados pontos anatômicos
de referência com etiquetas adesivas estando os indivíduos devidamente
vestidos (sunga para os homens e maiô ou biquíni para as mulheres).
Posteriormente, os participantes foram posicionados em ortostase seguindo
as marcações na base do posturógrafo, sendo fotografados nas vistas laterais,
anterior e posterior. A partir da análise das fotografias, observou-se que 48
(92,3%) apresentaram hiperlordose lombar e anteversão pélvica, 30 (57,7%)
retificação cervical e 51 (98,1%) a cabeça anteriorizada. Quanto a avaliação
da coluna dorsal, 30 (57,7%) apresentaram a curvatura fisiológica e 20
(38,5%) hipercifose. Observou-se que todos os indivíduos apresentaram
retropé valgo, pés planos e joelhos valgos. Quanto à avaliação dos joelhos
na vista lateral, 19 (36,5%) apresentaram posição neutra, 21 (40,4%) genum
flexo, 3 (5,7%) hiperextensão e 9 (17,3%) apresentaram diferença entre os
lados. A elevada incidência de hiperlordose lombar, bem como a de
anteversão pélvica pode ser um fator predisponente a espondiolistese,
referida na literatura como um dos distúrbios freqüentes na SD. Esses
achados indicam a necessidade de cuidados quanto à prescrição de
exercícios, principalmente no que diz respeito à coluna cervical, e reforçam
a importância de uma intervenção multidisciplinar já na primeira infância
em pessoas com SD.

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