Resumo

O doping pode ser considerado um dos principais problemas atrelados ao contexto esportivo, além de ferir o ideal do jogo limpo e competição justa, essa forma de trapaça ainda pode comprometer a saúde do atleta. As atitudes de doping representam as crenças e opiniões a respeito do uso de tais substâncias proibidas, que podem ser mais ou menos favoráveis, e tem sido tema central de estudos psicológicos acerca do doping. Objetivo: Analisar as atitudes de doping de atletas brasileiras em função de suas características pessoais e esportivas. Métodos: A amostra foi composta por 992 atletas com idade média de 22,8±4,8 anos, sendo 56% do sexo masculino, e 50% de cada tipo de modalidade (individual/coletiva). Como instrumentos utilizou-se uma ficha de identificação e a Escala de Atitudes para Melhoria de Rendimento (PEAS). Utilizou-se a estatística descritiva em mediana (Md) e quartis (Q1-Q3), e os testes de Shapiro-Wilk, U de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e correlação de Spearman para análise dos dados, por meio do software SPSS 22, adotando significância para p<0,05. Resultados: De maneira geral, os atletas apresentaram pontuações baixas a moderadas na escala de doping (Md=38,00; Q1-Q3=29,00-47,00), que pode variar entre 17 e 102 pontos. Atletas do sexo masculino (Md=40,00) apresentaram atitudes mais favoráveis ao doping em relação ao sexo feminino (Md=34,50) (p<0,05); as atitudes de doping de atletas de modalidades coletivas (Md=39,00) foram maiores que nas modalidades individuais (Md=36,00) (p<0,05); atletas de nível internacional (Md=36,00) se mostraram menos favoráveis ao doping quando comparados a atletas de nível nacional (Md=38,00) e estadual (Md=41,00) (p<0,05); não houve diferença em função do recebimento de salário ou bolsa. Ainda, as atitudes de doping não apresentaram correlação significativa com a idade (p=0,57) ou o tempo de experiência no esporte (p=0,63). Conclusão: De forma geral, a amostra de atletas brasileiros apresentou atitudes pouco favoráveis ao doping, entretanto, atletas do sexo masculino, de nível regional e de modalidades coletivas parecem estar mais propensos ao comportamento de doping quando comparados aos seus pares, e podem requerer maior atenção e cautela por parte de suas equipes técnicas.