Resumo

INTRODUÇÃO: Existem dúvidas em relação à atividade física (AF) de adultos residentes nas capitais brasileiras e no Distrito Federal no que tange à organização e à execução desta prática. Neste estudo avaliamos a prevalência de AF segundo cada uma das principais diretrizes internacionais que recomendam a AF para a promoção da saúde e exploramos as divergências e consensos na classificação do nível da AF. Avaliamos também a associação entre características sociodemográficas e comportamentais com a prática da AF, como os principais componentes da AF se relacionam na determinação do nível da AF individual e descrevemos o padrão nos portadores de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). METODOLOGIA: Os participantes foram selecionados a partir de dados prévios do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico para as estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2006. RESULTADOS: Foram elegíveis 54.369 participantes sendo 51,5% classificados como inativos. Houve divergências importantes na graduação da AF pelas principais diretrizes entre os ativos (Kappa = 0,4). A frequência das sessões de AF foi o aspecto que mais contribuiu para a determinação do grau de AF. Recomendação que orienta a frequência diária resultou em uma prevalência menor de AF suficiente. As que orientam volume semanal, sem determinar frequência mínima tiveram as maiores prevalências de AF suficiente. Como decorrência dessa divergência, a prevalência de AF suficiente nas cidades abordadas variou, distinguindo diferentes rankings conforme a recomendação adotada. Cerca de 90% da população ativa realizava sessões com duração entre 30 a 60 minutos e não houve diferença significante entre o grupo que alcançou e o que não alcançou a meta da recomendação. A quase totalidade (90%) dos participantes que alcançou a meta se exercitava três ou mais vezes na semana e 80% dos que não alcançaram a meta se exercitavam entre 1 a 2 vezes na semana. A caminhada, o futebol e a musculação foram as modalidades de exercício físico ou esporte mais frequentes. Encontramos maior prevalência de AF em homens. Negros e amarelos foram fisicamente mais ativos, e a AF diminuiu com a idade, com menor escolaridade e com viuvez. Aproximadamente 65% da população consideraram a sua saúde boa ou excelente e entre os que a consideraram ruim, a maioria estava inativa. O deslocamento ativo e a dieta hipocalórica são características predominantes dos participantes ativos. O tabagismo foi mais frequente entre os inativos e o maior consumo de bebidas alcoólicas ocorreu entre os ativos. As pessoas fisicamente ativas mais frequentemente conheciam instalações próprias para a prática de AF nas proximidades de suas moradias. A inatividade física (62%) foi uma característica destacada entre os participantes portadores de DCNT. No conjunto 70% dos portadores de alguma DCNT não alcançaram a recomendação mínima de AF. CONCLUSÕES: O nível de AF variou muito entre as diretrizes que recomendam a AF. Para uma boa parte desta população, a resposta para a pergunta: "estou fazendo AF suficiente para a minha saúde?" Pode ser simultaneamente "sim" e "não", dependendo do critério da recomendação escolhida. Dentre os insuficientemente ativos, a duração do esforço em cada sessão foi adequada na maioria dos relatos, o que tornou a AF insuficiente foi a baixa frequência. Pensar estratégias que aumentem a frequência semanal para 2 a 3 dias pode elevar o nível de AF para 90% dos insuficientemente ativos

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