Atividade física como ferramenta para o ods 5: uma análise das iniquidades de gênero e regionais no Brasil
Por Edina Maria de Camargo (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
A atividade física (AF) pode ser fundamental na agenda do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS 5), que visa alcançar a igualdade de gênero. Objetivo: verificar a AF no Brasil de 2006 a 2023 e as iniquidades de gênero e regionais. Releitura dos dados (2006, 2015 e 2023) da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), referente ao percentual de AF, por sexo, segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Em 2006 a média geral de AF foi de 16,05% (19,56% homens vs 12,99% mulheres); em 2015 foi 40,0% (47,15% vs 33,86%); em 2023 foi 42,53% (48,04% vs 37,77%). Apesar do crescimento geral, a iniquidade de gênero persiste. A proporção de homens que praticam AF continua sendo significativamente maior: Em 2006, a diferença média entre homens e mulheres era de 6,6 pontos percentuais; 2015, a diferença subiu para 13,3 p.p; 2023, a diferença foi 10,3 p.p. A iniquidade regional também persiste: a disparidade inter-regional - diferença entre as médias das grandes regiões do país - ampliou-se de 2,7 p.p em 2006 para 7,5 p.p em 2015, antes de estabilizar em 2,8 p.p em 2023. Paralelamente, a iniquidade intra-regional - desigualdade entre as capitais de uma mesma região - continua a ser um desafio: com diferenças de 16,4 p.p em 2023. À primeira vista, a notícia parece boa: um salto na AF em todo o país. Mas, duas realidades emergem: a lacuna de gênero, que, apesar de ter encolhido levemente (2015), ainda persiste, o que sugere que, enquanto alguns avançam, outras podem continuar presas às barreiras. E a fratura regional, que pode refletir a falta de políticas endereçadas às barreiras sociais. A menos que a equidade se torne o norte das políticas públicas, o avanço na saúde permanecerá uma promessa incompleta.