Resumo

O nível insuficiente de atividade física e os comportamentos sedentários têm gerado implicações negativas para a saúde do adolescente. Desse modo, o objetivo deste estudo foi identificar fatores associados à atividade física e ao comportamento sedentário nessa população. Foram selecionados 548 adolescentes pertencentes à rede pública de ensino de Taguatinga-DF, Brasil, sendo 238 do sexo masculino (idade 16.4 ±1.0) e 310 do sexo feminino (idade 16.3 ±1.0). Foram aplicados os “Questionário de Atividade Física para Adolescentes” para mensurar o nível de atividade física e o “Questionário de fatores associados à Atividade Física em adolescentes” para identificar o tempo que os adolescentes passavam assistido televisão, além das informações demográficas, socioeconômicas e aulas de educação física. Foram mensurados o índice de massa corpórea, circunferência de cintura, dobras cutâneas tricipital e subescapular, percentual de gordura, pressão arterial sistólica e diastólica e consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.). Para a análise dos dados aplicou-se estatística descritiva e modelos de regressão logística múltipla. Os resultados indicaram que 39% dos adolescentes são insuficientemente ativos e que 58% deles passavam mais de 2 h/dia assistindo televisão. Foi identificada associação inversa significativa entre nível de atividade física e circunferência de cintura (p-valor 0,0174; OR = 0.947; IC95%: 0,902-0,995); essa associação perde significância quando foi incluído o VO2 máx. ao modelo (p-valor 0,0004; OR = 0.932; IC95%: 0,896-0,969) que se apresenta como um fator associado, com poder de explicação para o nível de atividade física. Ainda, constatamos uma associação positiva entre a atividade física e o sexo masculino (OR = 0,328; IC95%:(0,222-0,485), bem como o nível de escolaridade do pai com ensino superior (OR = 0,579; IC95%:(0,333-1,005). Enquanto o comportamento sedentário associou-se com as variáveis: trabalho do adolescente (OR=0,533; IC95%:0,337-0,843); escolarização paterna (OR=0,471; IC95%:0,275-0,806) e, quando ajustado o modelo, a escolarização materna passa a ter significância (OR=1,789; IC95%:1,129-2,834). Conclui-se então que, quanto maior a circunferência de cintura e o consumo de oxigênio menor a chance dos adolescentes serem insuficientemente ativos. Portanto, os adolescentes com maior circunferência de cintura, parece serem encorajados a tornarem-se suficientemente ativos. Ainda, adolescentes com pais no extrato superior de ensino e o fato de pertencer ao sexo masculino têm maior chance de serem suficientemente ativos. De forma contrária, aqueles com mães com menor nível de escolarização estavam mais expostos ao comportamento sedentário. Esses resultados têm implicações para a saúde pública e para o sistema de ensino.

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