Resumo

Introdução: Os indicadores de adiposidade são considerados componentes da composição corporal e fazem parte do constructo geral da aptidão física, que por sua vez é um marcador de saúde consistente e confiável na infância e adolescência, além de estar associado à saúde na idade adulta. Diversos estudos investigaram a associação entre indicadores de adiposidade e fatores como a atividade física e a competência motora. No entanto, poucos estudos exploraram essas relações na direção oposta, podendo inferir que a exposição à atividade física e a competência motora poderiam predizer a adiposidade durante a infância. Objetivos: Analisar se a atividade física de intensidade moderada a vigorosa (AFMV) e a competência motora (CM) são preditores dos indicadores de adiposidade após um período de observação de dois anos. Métodos: Estudo longitudinal (Estudo Longitudinal de Saúde e Bem-Estar de Crianças em Pré- Escola - ELOS-Pré) realizado nos anos de 2012 e 2014. A amostra foi constituída por 391 crianças (6,34±0,72 anos) matriculadas em escolas públicas e particulares da cidade do Recife, nordeste do Brasil. Os indicadores de adiposidade avaliados foram à circunferência de cintura (CC), o somatório das dobras cutâneas tricipital e subescapular (∑DC) e o índice de massa corporal (IMC). A atividade física foi medida com uso de acelerômetros durante 7 dias consecutivos (Model GT3X+, ActiGraph, Pensacola, USA) e operacionalizado tendo por base os minutos em atividade física de intensidade moderada a vigorosa. A competência motora (CM) foi avaliada pelo Körperkoordinationstest Für Kinder (KTK), considerando a soma total das pontuações das quatro tarefas. Foram realizadas análises de regressão linear para analisar as associações entre atividade física e competência motora no ano de 2012 e os indicadores de adiposidade expressos em 2014. Todas as análises foram realizadas no Stata 13.0. Adotou-se nestas análises o nível de significância de 5%. Resultados: CM apresentou associação negativa com ∑DC (= -0,09; p<0,01), IMC (= -0,02; p<0,01) e com CC (= -0,07; p<0,01). AFMV apresentou associação negativa com IMC (= -0,01; p=0,01). Conclusões: CM e AFMV predizem indicadores de adiposidade em crianças após dois anos. Intervenções na infância devem focar no desenvolvimento de habilidades motoras e no aumento em minutos de AFMV como estratégia para controle/redução da adiposidade.

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