Resumo

O novo vírus SARS-CoV-2, transmissor do coronavírus (COVID-19), disseminou-se ao redor do mundo e alterou diversos hábitos de vida na população mundial. De acordo o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, esse cenários caracterizou-se como uma sindemia.1 Para conter a disseminação do novo vírus, o isolamento e distanciamento social - a quarentena – foi a principal decisão para diminuir a propagação do vírus e tentar controlar o número de pessoas suscetíveis a desenvolver os sintomas da doença.2 Com esse cenário, pessoas que possuem alguma doença crônica, passaram a pertencer ao grupo de risco, sendo mais suscetíveis a contrair a doença, piorar seu quadro clínico e ter complicações no tratamento3. Em tese os mais afetados nesse cenário sindêmico foram as pessoas com Doneças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNTs), pois, além de serem considerados grupo de risco também tiveram dificuldades quanto à atividade física, uma das estratégias de controle das DCNTs. Com o encerramento temporário das atividades físicas presenciais, acredita-se que o nível da prática de atividade física da população tenha diminuído e, por conseguinte, aumentou o risco de doenças hipocinéticas e as comorbidades associadas à obesidade.4 A literatura evidencia associação do baixo nível de atividade física e comportamento sedentários com aumento no risco de martalidade4 Apesar da clara diminuição do nível da prática de atividade física durante o isolamento, diversas pessoas apresentaram um contraponto mantendo-se ativas, em menor magnitude, ou até mesmo iniciando a prática de atividade física durante o isolamento. Pessoas que já praticavam atividade física previamente ao isolamento conseguiram continuar com a prática, ainda que não na mesma intensidade e volume, observando os efeitos positivos da permanência deste hábito.5Além de observar a prática de atividade física, é necessário atentar ao comportamento sedentário. Esse tem se mostrado tão impactante ou mais na saúde dos indivíduos associando-se às DCNTs6. O comportamento sedentário definido por tempo gasto durante o dia com ações musculares que não gerem gasto energético acimo do metabolismo de repouso tem aumento sua prevalência tanto em adultos como em crianças e adolescentes6,7.. Katzmarzyk et al apontam que independente de nível socioeconômico em comparação realizada entre diversos países tanto o nível de atividade física quanto o comportamento sedentário estão intimamente ligados às DCNTs em adultos. Já Da Silva et al destaca o aumento do comportamento sedentário em adolescentes em comparação entre períodos de 2015 a 2017, ainda pré pandemia. Tal comportamento pode ter se agravado ainda mais com a necessidade de isolamento social. Dessa forma, dentre vários pontos de atenção que devemos ter nesse momento de retomada parcial e avançada dos ambientes e relações presenciais, cabe destaque tanto ao aumento da prática de atividade física quanto à diminuição do comportamento sedentário na população mundial. Incentivar e propor intervenções nesse sentido podem ajudar na retomada de níveis anteriores de saúde da população atenuando diversos fatores pós pandemia que possam surgir relacionados à saúde.

Referências

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