Resumo
A elaboração deste estudo tem como objetivo maior, confirmar a vocação disciplina- rizadora do entendimento de atividade física, para depois reconceituá-la com os significados do prazer da expressão corporal. Por tratar-se de uma pesquisa histórico-filosófica, com observância ao método de Análise de Conteúdo, ao qual se adaptou a técnica da reconceptualização histórica, resolveu-se situar a análise em três partes e, em cada uma, buscou-se investigar signos e significados que poderiam vir responder à situação-problema. Na primeira parte, procura-se rever o entendimento de atividade física que, consignado pela transição feudalismo-capitalismo, altera-se com o advento da Revolução Industrial, até sedimentar-se no século XVIII, quando os seus significados atrelam-se à idéia de corporalidade disciplinarizada. Na segunda parte, acatando a referência foucaultiana sobre a existência de uma "história política do corpo", passa-se a refletir sobre as influências do pensamento moderno dos pedagogos liberais que não prescindiam da utilização dos exercícios físicos, origem dos métodos ginásticos e da própria Ginástica. Em seguida esta análise pontua a trajetória do pensamento positivista, mais especificamente, as consequências do propagado "Consensus Universalis" que contribuiu para forjar e fixar uma visão de mundo ordeira e progressista e que, neste estudo, é reconceituada como sociedade do consenso. Na terceira parte, considerando a preocupante influência de fatores psicosocioculturais negativos sobre o ambiente escolar, propõe-se a continuidade da discussão, hoje um tanto desaquecida, sobre as possibilidades de uma Educação Física pelo e para os valores terapêuticos e socioculturais do lazer. Concluindo o estudo, apresenta-se algumas considerações a respeito da premente necessidade que o campo da Educação Física tem, em procurar outras explicações, outros fundamentos, para justificar melhor o exercício e a manutenção de suas relações com o campo dos valores terapêuticos e socioculturais (pedagógicos) do lazer.