Resumo

Os processos de modernização e as consequentes mudanças no estilo de vida têm exposto prematuramente as populações residentes nas zonas rurais à consequências adversas à saúde. Além disso, a partir de 2020, após o aparecimento da COVID-19, a restrição social teve influência significativa nos hábitos alimentares, nas práticas e perspectivas relacionadas à atividade física e tempo de sono. Objetivo: Este estudo teve como objetivo verificar possíveis alterações dos níveis de atividade física, hábitos alimentares e tempo de sono em crianças e adolescentes residentes no município de Passa Sete/RS nos períodos de 2016 (pré-pandemia) e 2021 (pandemia). Metodologia: Foi realizado um estudo observacional longitudinal antes e durante o confinamento. Os dados de atividade física, hábitos alimentares e sono foram coletados via questionário autorreferido em 358 crianças (7 a 17 anos) residentes no município de Passa Sete, RS, Brasil no mês de junho de 2016. No mês de maio de 2021, 242 crianças e adolescentes responderam o segundo questionário. Para análise estatística foi utilizado o Teste T de Student para amostras independentes no Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 25.0. Resultados: Em relação aos hábitos alimentares, o consumo semanal de verduras, legumes, feijão e frutas, aumentou significativamente (<0,001) entre crianças e adolescentes residentes na zona rural de Passa Sete no decorrer do ano de 2016 a 2021. Em contrapartida, também verificou-se aumento significativo no consumo de alimentos ultraprocessados (<0,001) e refrigerantes (0,001). A média de sono semanal diminuiu de 12,27h para 8,66h do ano de 2016 para 2021, com nível de significância <000,1. Mesmo não havendo resultado estatisticamente significativo, o tempo gasto em atividades físicas moderadas e vigorosas teve um decréscimo de 1,6h diárias do período antes da pandemia para 1,60h durante a pandemia. Resultados: Os resultados deste estudo indicam que nos últimos anos e, impulsionados pelo período de bloqueio devido ao COVID-19, observamos cada vez mais hábitos de vida menos saudáveis na população rural ocasionando malefícios à saúde e diante disso, ressaltamos a importância do olhar mais atento às políticas públicas voltadas à este público, especialmente crianças e adolescentes.

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