Atividade Física Habitual e Aptidão Física Relacionada à Saúde em Adolescentes
Por Dartagnan Pinto Guedes (Autor), Joana Elisabete Ribeiro Pinto Guedes (Autor), Décio Sabbatini Barbosa (Autor), Jair Aparecido (Autor).
Em Revista Brasileira de Ciência & Movimento v. 10, n 1, 2002. Da página 13 a 21
Resumo
Evidências epidemiológicas claramente indicam relação entre prática de atividade física e condições de saúde. No entanto, entre adolescentes, embora sugestiva, relação atividade física-saúde, pode ser confundida pelos componentes de aptidão física. Objetivo do estudo foi analisar associações entre informações relacionadas à prática de atividade física habitual e indicadores dos componentes da aptidão física relacionada à saúde em adolescentes. Amostra foi constituída por 281 sujeitos (157 moças e 124 rapazes) com idades entre 15 e 18 anos. Informações acerca da atividade física habitualmente realizada foram obtidas mediante instrumento retrospectivo de auto-recordação das atividades diárias. Além de estimativas quanto à demanda energética das atividades realizadas durante o dia (DEtotal), estabeleceu-se tempo despendido em atividades físicas de baixa intensidade (AFBA) e de moderada-a-vigorosa intensidades (AFMV). Tempo dedicado em repouso na cama e atividades em posição sentada foi utilizado como indicador de inatividade física (INAF). Aptidão física relacionada à saúde foi observada baseando-se em quatro componentes. Capacidade cardiorrespiratória por intermédio de estimativas do consumo máximo de oxigênio (VO2max) mediante teste de esforço de carga máxima em esteira rolante. Força/resistência muscular e flexibilidade a partir dos testes motores flexão abdominal e “sentar-e-alcançar”. Gordura corporal através do índice de massa corporal, da relação circunferência cintura/quadril e da espessura das dobras cutâneas tricipital e subescapular. Foram empregados recursos da análise de regressão múltipla stepwise para estabelecer associações entre variáveis analisadas. Resultados revelaram, apesar de significativos estatisticamente, baixa associação entre AFMV, DEtotal e VO2max, em ambos os sexos. Informações relacionadas à atividade física habitual não apresentaram associações significativas com indicadores de força/resistência muscular, flexibilidade e gordura corporal. AFMV explicou entre 4% e 8% da variação do VO2max. Como conclusão, os achados do estudo sugerem que adolescentes sendo habitualmente ativos não garante necessariamente que possam ser aptos fisicamente. Outros fatores, que não apenas os hábitos de prática de atividade física, podem influenciar os componentes da aptidão física relacionada à saúde. PALAVRAS-CHAVE: Atividade física, Aptidão física, Estilo de vida, Promoção da saúde, adolescência.