Resumo

Doenças cardiovasculares resultam em custos diretos e indiretos em nível individual e social, desde aumento do uso de serviços de saúde até redução da produtividade no trabalho. Informações sobre o quanto a atividade física e comorbidades são responsáveis por tais custos, em população com doenças cardiovasculares estabelecidas, são necessárias. Dessa forma, o objetivo da presente proposta foi identificar, entre pacientes de 30 a 65 anos, com doenças cardiovasculares atendidos pelo Sistema Único de Saúde, se existe relação entre atividade física habitual e custos diretos com saúde, considerando o diagnóstico comorbidades, e ainda, se existe relação entre perda de produtividade laboral e custos com saúde e se, atividade física habitual permeia essa relação. Para tanto, foram averiguados: i) custos diretos e indiretos com saúde, a partir de estimativas de utilização de serviços de saúde (atenção primária, secundária e terciária) e perdas de produtividade laboral (absenteísmo, presenteísmo e aposentadorias por invalidez); ii) presença de comorbidades relacionadas às doenças cardiovasculares (diabetes, dislipidemias, hipertensão arterial e obesidade) e iii) atividade física habitual. Além disso, foram coletadas informações sobre idade, sexo e grau de escolaridade, as quais serviram para caracterização da amostra e como variáveis de ajuste das análises realizadas. As análises realizadas foram: Análise de mediação, pelo teste de Modelagem de Equação Estrutural (Structural Equation Model [SEM]); comparações entre grupos, pelos testes de análise de variância (ANOVA one-way), teste t de Student, Mann-Whitney e Kruskal Wallis; além de correlações e regressões, pelos testes de correlação de Spearman e Regressão quantílica. Os resultados mostram que indivíduos com hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes e obesidade custam mais com serviços de saúde do que aqueles sem essas doenças. Ademais, observou-se que o diagnóstico dessas comorbidades, quando somados, não atenuaram o efeito da relação entre atividade física habitual e custos com saúde e ainda que, mesmo na presença de todas essas comorbidades, aqueles com maiores escores de atividade física habitual (classificados ≥P75) apresentaram economias em serviços de saúde que variaram de R$ 98,99 a R$ 281,84, em período de 24 meses. Paralelamente, observou-se correlação positiva entre custos indiretos decorrentes de perda de produtividade laboral por absenteísmo e custos gerais com saúde (r=0,281 p<0,01) e que, em grupo de trabalhadores em atividade laboral ativa, a cada escore adicional da atividade física habitual, economia anual de R$ 259,03 foram observadas. Dessa forma, conclui-se que atividade física habitual pode minimizar custos diretos e indiretos com saúde mesmo na presença de comorbidades, entre adultos, de 30 a 65 anos, com doenças cardiovasculares, atendidos pelo sistema público de saúde brasileiro

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