Resumo

Nos últimos anos, é crescente o interesse na prática de atividade física na gestação dado os potenciais benefícios desse comportamento à saúde da mãe e do bebê. Os primeiros estudos nessa temática centravam-se nos possíveis danos oferecidos à saúde do feto. No entanto, essas hipóteses não foram comprovadas ao longo do tempo. Apesar da evidência positiva e dos substancias avanços nas recomendações, o padrão de atividade física na gestação é baixo comparado à mulheres não grávidas. Além disso, para alguns desfechos de saúde materna e infantil, como pré-eclâmpsia e peso ao nascer, o real efeito da atividade física ainda não está totalmente esclarecido. No que se refere ao padrão e determinantes, a avaliação de correlatos associados à atividade física na gestação é importante para a elaboração e planejamento de políticas públicas no período pré-natal. Sendo assim, essa tese foi efetivada por uma combinação de um componente observacional composto pela descrição do padrão e correlatos relacionados à atividade física mensurada por um método objetivo durante a gestação, e um componente experimental relacionado a um ensaio controlado randomizado (ECR) aninhado à coorte de nascimentos de 2015, além de uma revisão sistemática e meta-análise sobre o efeito da atividade física na gestação sobre a saúde materna e infantil. Resultados da meta-análise de ECR’s indicaram que atividade física realizada no domínio de lazer foi associada à redução no ganho de peso gestacional, a menor incidência de diabetes gestacional, e maior probabilidade de ter um bebê dentro dos padrões normais de crescimento. Já a meta-análise, aplicada aos estudos de coorte, consolidou as evidências para ganho de peso e diabetes gestacional, e mostrou que a atividade física de lazer esteve relacionada à redução na incidência de partos prematuros. O segundo artigo desta tese, revelou baixos níveis de atividade física, mostrando que a população de mulheres grávidas gasta, em média, 15 e 0,7 minutos por dia em atividades físicas moderadas a vigorosas (AFMV) e em atividade vigorosas, respectivamente. Além disso, importantes diferenças foram evidenciadas quando comparado às médias de atividade física total (expressa em média de aceleração) e AFMV (minutos/dia) em relação às características sociodemográficas, comportamentais e de história reprodutiva. No terceiro artigo, foi avaliado o efeito de um programa, de 16 semanas de exercícios fisicos, realizado durante a gestação sobre desfechos de saúde materna e infantil. A principal conclusão do ECR foi que o exercício físico não afeta negativamente a saúde do recém-nascido como prematuridade e baixo peso ao nascer. Além disso, a intervenção não confirmou os benefícios do exercício físico na prevenção de ganho de peso, diabetes gestacional e pré-eclâmspia. Em suma, os achados desta tese fornecem evidências importantes em relação ao padrão e determinantes da atividade física realizado no período gestacional, assim como evidencia que o exercício físico não impacta negativamente na saúde do bebê.

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