Resumo

O presente trabalho consistiu em revisão bibliográfica e pretende evidenciar as discussões teóricas que a Educação Física tem feito baseado em alguns referenciais da Saúde Coletiva/Promoção da Saúde apontando possibilidades de aproximação entre estes campos do saber na perspectiva de alcançar outra compreensão da Educação Física. A literatura especializada da Educação Física e a mídia em geral, constantemente advogam a saúde como um dos principais fins da atividade física. Acreditamos que o termo atividade física pode abarcar um sentido amplo, extrapolando a quantificação energética e por este motivo optamos pela sua utilização. Contudo, a Educação Física privilegia o enfoque biológico da “saúde”, resultando numa relação causal entre a atividade física e saúde; o que é explorado pela lógica comercial de criar, aumentar a necessidade ou sua percepção por parte de possíveis consumidores. Fala-se também em bem-estar e qualidade de vida; o que é acriticamente aceito e difundido até mesmo entre os profissionais de saúde. É gerado a partir deste entendimento que o indivíduo, independente do seu contexto de vida só teria uma escolha a fazer; tornar-se fisicamente ativo, o que caracteriza uma forma ‘culpabilizatória’ de encarar a adoção da atividade física como hábito de vida. Contrapondo a forma prescritivo-normativa com que a atividade física vem sendo ‘receitada’ aos sujeitos, repudiamos a crença ‘ingênua’ que atividade física produz saúde que imputa à primeira a responsabilidade de tornar-se redentora de todos os possíveis males do sedentarismo. Defendemos que concomitantemente ao fomento da prática regular de atividade física haja a análise do contexto de vida dos sujeitos e o subseqüente enfrentamento dos determinantes de sua saúde, assim, os conteúdos da Educação Física devem permitir a compreensão e enfrentamento dos diversos fatores que influenciam tal prática. Vislumbramos a real possibilidade do estreitamento da Educação Física com alguns referenciais da Saúde Coletiva/Promoção da Saúde através do crescente envolvimento de profissionais da área que materializam-se, entre outros, na carta de Porto Alegre, redigida em 2006 no seminário de Educação Física e Saúde Coletiva: a inserção no SUS ou ainda em outras iniciativas. 
 
 

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