Resumo

O estudo sobre atividade física (AF) em adolescentes tem despertado interesse de pesquisadores, que a consideram como importante indicador da qualidade de vida, prevendo como será o perfil de população adulta do futuro próximo. Além dos benefícios que traz para a saúde física, estudos têm demonstrado que a AF promove melhoras nos domínios emocionais, sociais e cognitivos dos estudantes. Entretanto, recentes pesquisas não têm apresentado com tanta consistência a associação entre AF, desempenho escolar e problemas de comportamento, ou mesmo, a confirmação de resultados significativos. O objetivo deste estudo foi verificar a associação entre o nível de atividade física (NAF), problemas de comportamento e desempenho escolar de adolescentes nos municípios de São Paulo (SP), Botucatu (SP) e Cáceres (MT). Além disso, buscou-se verificar a predição das variáveis sócio demográficas, participação em educação física e esportes e nível de atividade física sobre problemas de comportamento e desempenho escolar de adolescentes. A pesquisa foi desenvolvida com 1088 adolescentes de 14 a 18 anos, do ensino médio de escolas públicas estaduais. Foi realizada estatística descritiva e análise de regressão logística (Odds Ratio - OR) para verificar possíveis associações variáveis independentes com desempenho escolar e problemas totais (PRT), problemas externalizantes (PRE) e problemas internalizantes (PRI). Destacaram-se como características: 52% dos adolescentes apresentaram NAF alto, 33% apresentaram extrato socioeconômico B2, 48% utilizam a caminhada para ir até a escola, 32% têm responsável da família com nível médio completo/superior incompleto, 34% apresentaram percepção da aptidão cardiorrespiratória satisfatória, 59% não praticam esporte fora do horário escolar, 76% participam das aulas de educação física, 30% apresentam problemas de comportamento e 70% têm desempenho escolar com notas acima de quatro. O sexo feminino se mostrou bom preditor de desempenho escolar. Para problemas de comportamento, o sexo feminino apresentou maior chance para PRI (OR=1,4), a participação nas aulas de educação física (OR= 0,6) e a percepção da aptidão cardiorrespiratória satisfatória (OR=0,6), boa (OR=0,4) e muito boa (OR=0,3) foram fatores de proteção para PRI . O nível de atividade física não se mostrou preditor de problemas de comportamento e desempenho escolar, em nossa amostra como um todo.

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