Resumo

INTRODUÇÃO: A Doença Renal Crônica (DRC) é um dano sustentado do parênquima renal causando deterioração e perda progressiva da função dos rins que pode progredir para o estágio terminal. Alguns estudos apresentaram resultados benéficos para a prática de exercício físico no tratamento adjuvante para doenças metabólicas como obesidade, dislipidemia e diabetes mellitus; e para doenças cardiovasculares e hipertensão arterial sistêmica, patologias que são bases ou alterações metabólicas associadas ao desenvolvimento da DRC. Tais benefícios também podem ser observados nos aspectos da qualidade de vida. OBJETIVO: Associar o nível de atividade física, a qualidade de vida e o perfil nutricional em pacientes em tratamento conservador para Doença Renal Crônica em hospital de atendimento terciário da região nordete do Brasil. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo observacional de corte transversal. A amostra foi selecionada por conveniência e formada por pacientes em tratamento conservador para DRC com TFG <89 mL/min/1,73m2. Foram incluídas pessoas de ambos os sexos; com idade superior aos 18 anos; que assinaram o Termo de Consentimento Livre  e Esclarecido (TCLE). Foram avaliados o perfil social (sexo, moradia, estado civil e escolaridade), de saúde (doenças pré-existentes, comportamento etílico e tabaco) e nutricional (peso, altura, índice de massa corporal (IMC), circunferência de cintura (CC) e percentual de gordura (calculados a partir das pregas tricipital, subescapular e suprailíaca); nível de atividade física (IPAQ); nível de qualidade de vida (WHOQOL-Bref).  Todas as análises foram realizadas com o auxílio do software R, com o pacote estatístico JASP versão 0.13.1, atingindo um nível de confiança de 95% (p<0,05). RESULTADOS: Nesta dissertação foram produzidos dois artigos. No artigo 1 o objetivo foi associar os estágios da DRC com o nível de atividade física, qualidade de vida e o perfil nutricional, e os resultados foram: 52 pacientes com idade média de 60,3 ± 9,11 anos, 53,84% mulheres, 61% com menos de nove anos de escolaridade, 57,69% diabéticos Tipo 2 e 76,92% hipertensos; para o perfil nutricional e nível de atividade física, 38,46% eram obesos e 61,53% eutróficos ou sobrepeso; 82,69% com padrões elevados de CC; e 67% apresentaram baixos níveis de atividade física; em relação ao nível de qualidade de vida, menores escores em satisfação com saúde (2,98± 0,83) e meio ambiente (2,75± 0,38); melhores escores em domínio psicológico (3,80± 0,53) e relações sociais (3,58± 0,58), a amostra apresentou níveis regulares de qualidade de vida; Não houve associação significativa entre as variáveis do estudo e a estratificação dos pacientes em níveis de filtração glomerular; A correlação foi positiva para estágio DRC com dimensão de relações sociais  do nível de qualidade de vida (r=0,247, p=0,07, IC de 95% 0,7, 0,4), mas as demais variáveis apresentaram correlações negativas. No artigo 2 o objetivo foi associar o nível de atividade física dos pacientes DRC em tratamento conservador com o perfil nutricional e a percepção de qualidade de vida  e o resultados foram: 70 pacientes com idade média de 60,5 ± 9,57 anos, 57,14% mulheres, 52,85% diabéticos e 80% hipertensos; para o perfil nutricional a amostra apresentou quadros de obesidade na maior parte da população (55,71%), elevados índices de CC (95,04± 16,9 cm); e 67,15% apresentaram baixos níveis de atividade física, com a maior média nas atividades físicas domésticas (32,23 min/sem); para o nível de qualidade de vida, menores escores em satisfação com saúde (2,85± 1,53) e meio ambiente (2,73± 0,49); melhores escores em domínio psicológico (3,73± 0,69) e relações sociais (3,64 ± 0,73); o grupo fisicamente ativo apresentou menores valores de peso, IMC e CC que os grupos com baixa atividade física, p=0,028, p=0,043 e p=0,039 respectivamente. O nível de atividade física se correlacionou positivamente com as variáveis de taxa de filtração glomerular; percentual de gordura; massa gorda; dimensões físicas, percepção geral da saúde e satisfação geral com a saúde da qualidade de vida; e com todas as dimensões da atividade física (trabalho, deslocamento, doméstico e lazer), r=0,190, r=0,004, r=0,442, r=0,212, r=0,125, r=0,125, r=0,947, r=0,442, r=0,674, r=0,564 respectivamente. CONCLUSÃO: Os sujeitos apresentaram baixos níveis de atividade física e elevado percentual de excesso de peso/obesidade, mas estes níveis não se alteraram em associação com os estágios da DRC. Apesar da DRC ser uma doença de característica inflamatória, crônica e progressiva, com terapias farmacológicas atuais se mostrando limitadas no controle da sua evolução, o estudo mostrou que a atividade física apresenta uma resposta positiva no controle de parâmetros que contribuem para seu avanço, sendo um caminho o cuidado multiprofissional  à doença. 

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