Editora Do Autor. Brasil 2017. 362 páginas.

Sobre

Prefácio

As grandes transformações observadas nas últimas décadas provocaram mudanças sociais e na saúde, individual e coletiva, jamais imaginadas. O perfil atual dos problemas de saúde faz com que a promoção de estilos de vida ativos (e saudáveis, em geral) seja valorizada e colocada como uma das prioridades da Organização Mundial da Saúde. O vertiginoso crescimento populacional, o aumento na expectativa de vida e a grande concentração nas áreas urbanas fizeram com que as questões relativas ao estilo de vida ganhassem destaque, tanto na área da promoção da saúde quanto nas políticas de lazer e mesmo na perspectiva de sustentabilidade do planeta.

O processo de promoção da saúde envolve, necessariamente, políticas públicas que apoiem seus pressupostos. A partir daí, contribuem a educação, a criação de oportunidades, além de redução de barreiras (ambientais ou regulatórias) na vida das pessoas e comunidades.

Em particular, os benefícios potenciais da atividade física (na forma aguda ou crônica; praticada de forma contínua ou acumulada; em níveis moderados ou vigorosos; individualmente ou em grupo) estão razoavelmente estabelecidos e são do conhecimento da grande maioria das pessoas. Há, entretanto, uma clara dissonância entre crença e prática, o que remete a outra clássica questão na área da atividade física relacionada à saúde: Por que quase todas as pessoas reconhecem o valor da atividade física, mas a maioria não é regularmente ativa?

De fato, uma parcela significativa da população não valoriza, não tem prazer em praticar ou não pode incluir atividades físicas promotoras de saúde em seu cotidiano, seja no lazer, no deslocamento diário ou mesmo em tarefas domésticas. Esta talvez seja a questão mais relevante na pesquisa em atividade física e saúde nos últimos anos: como conscientizar, motivar e criar oportunidades para a mudança de comportamento em relação à atividade física habitual?

Desde sua primeira edição, em 2001, este livro tem procurado divulgar conceitos e orientações sobre atividade física e saúde, servindo como ponte entre as evidências científicas publicadas em periódicos especializados e os profissionais em formação na área da saúde, particularmente na Educação Física.

Na década de 90 ocorreu a consolidação da área referida como atividade física e saúde no Brasil, com a criação de grupos de pesquisa, a inclusão de disciplinas no ensino superior, a criação de cursos de pós-graduação com esta área de concentração e com a publicação crescente de livros e revistas especializadas. Também foram marcantes nessa trajetória a realização do I Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde, promovido pelo Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde da UFSC, em 1997 e, dez anos depois, a criação da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (SBAFS).

Em anos recentes, a ênfase passou para os estudos epidemiológicos da atividade física e da proposição de programas de promoção da atividade física para a população em geral e para grupos especiais (crianças e adolescentes, idosos, pessoas com deficiências, trabalhadores). Percebeu-se que, apesar do conhecimento acumulado e da relativa disseminação dessas informações pela mídia em geral, muitas pessoas ainda se mantinham pouco ativas. Avançamos muito mais academicamente do que na aplicação do conhecimento acumulado. Daí a valorização crescente das chamadas práticas baseadas em evidências em todas as áreas da saúde, incluindo a promoção de estilos de vida ativos. Há um longo caminho a percorrer até que se compreenda melhor a complexidade do processo de mudança de comportamento e como reduzir barreiras e aumentar as chances de pessoas, em todas as condições, escolherem um lazer mais ativo e uma vida mais saudável.

Espera-se que este livro possa contribuir para a informação geral e a formação de novos profissionais, visando atender à crescente demanda por programas de atividade física, voltados à promoção da saúde e bem-estar de todas as pessoas. Nesta sétima edição, procurou-se atualizar conceitos e dados apresentados nas edições anteriores, acrescentando novas evidências e aprofundando conteúdos considerados relevantes pelos próprios leitores das edições anteriores. Neste aspecto, muito tem contribuído meus ex-alunos e colegas, com críticas e sugestões que procurei considerar, sempre que possível.

Markus Vinicius Nahas

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