Resumo
O objetivo do estudo foi analisar a atividade física, tempo em telas e ansiedade durante pandemia da COVID-19 em crianças de 3 a 10 anos de idade residentes do Triângulo Mineiro. Trata-se de um estudo longitudinal e investigação por meio survey, com 778 pais residentes na região do Triângulo Mineiro, Minas Gerais – Brasil. A divulgação da pesquisa ocorreu em redes sociais como Instagram, Facebook, WhatsApp e e-mails de escolas e instituições. O questionário foi aplicado durante dois momentos da pandemia (Julho/Agosto 2020 e Abril/Maio 2021). O questionário foi aplicado por meio da plataforma Google Forms com questões sobre os aspectos sociodemográficos, atividade física e tempo despendido em telas e ansiedade. O teste de McNemar foi utilizado para comparar as proporções de dados categóricos e o teste do Qui-quadrado foi utilizado para verificar a diferença das alterações comportamentais. Para verificar a diferença entre os momentos das médias dos transtornos de ansiedade foi utilizado o test t para amostras pareadas. O perfil das crianças se caracterizou por 51,2% do sexo masculino e a média de idade foi de 6,44 (±2,25) anos, a maioria matriculados na rede pública de ensino (74,5%). Observou-se aumento de crianças que praticavam menos de 60 minutos diários de atividade física, de 27% para 95,3% em dias de semana e de 62,3% para 92,3% em finais de semana, do primeiro ao segundo momento avaliado (p < 0,0001). O estudo mostrou aumento nas proporções de crianças que gastam mais de duas horas em tv em finais de semana e para outras telas em dias de semana e finais de semana. As crianças que atenderam as recomendações de atividade física apresentaram menor dificuldade de concentração no momento um (p = 0,039), e menores alterações de inquietação (p = 0,035) e padrões alimentares (p = 0,001) no momento dois da pandemia. Nosso estudo mostrou que as meninas durante o momento dois apresentaram menores escores para ansiedade de separação, transtorno obsessivo compulsivo e medo de danos físicos (p<0,05), e os meninos apresentaram menores escores para transtorno obsessivo compulsivo no momento dois da pandemia (p = 0,006). Conclui-se que durante a pandemia da COVID-19 as crianças do Triângulo Mineiro, diminuíram a prática de atividade física, aumentaram o tempo em telas, apresentaram alterações comportamentais e obtiveram diferença entre os momentos para os transtornos de ansiedade.