Atividades de aventuras: caminhos para novas atitudes em áreas naturais
Por Mirleide Chaar Bahia (Autor), Tânia Mara Vieira Sampaio (Autor).
Resumo
O aumento significativo dos esportes de aventura vem causando preocupação em relação aos procedimentos adotados por seus praticantes e pelo Poder Público. Considera-se, entre as preocupações, a utilização do lazer enquanto “mercadoria” e o “uso” indiscriminado e mal planejado do meio ambiente natural, provocando não raras vezes impactos sócio-ambientais desastrosos. O objetivo deste estudo foi perceber as diversas interfaces subjacentes à relação da prática do lazer e o meio ambiente no contexto contemporâneo, sob a forma de Esportes de Aventura. Articulamos as contribuições de diversos autores(as) com a identificação das atitudes que têm permeado a experiência das pessoas praticantes desses esportes, no sentido de compreender tais atividades; caracterizar algumas motivações e comportamentos vivenciados e apontar algumas perspectivas de uma prática de lazer na natureza que tragam novas atitudes. A pesquisa teve um caráter qualitativo, e a metodologia combinou pesquisa bibliográfica e de campo. A técnica empregada foi de entrevistas semi-estruturadas aplicadas a 19 praticantes, no Município de Brotas/SP, tendo em vista ser um município onde a prática desses esportes é intensa. Os resultados demonstram que as atitudes ainda demonstram comportamentos ingênuos sobre a vivência do lazer em áreas naturais; verificam-se atitudes “compensatórias”, a fuga das dificuldades vividas no cotidiano; a falta de compreensão de novos valores que possibilitem a convivência com a natureza e com seus pares. Para uma mudança de atitude, alguns fatores são fundamentais: a compreensão de que o lazer é um direito social; a participação popular na construção coletiva de políticas de lazer; a democratização cultural, garantindo acesso a todos de forma eqüitativa nos vários conteúdos culturais do lazer; a luta por políticas de reordenação do tempo; a educação pelo e para o lazer, compreensão de que o elemento “aventura” pode ser uma importante ferramenta educacional; a qualificação na formação profissional visando a valores críticocriativos; a construção e manutenção de equipamentos de lazer nos centros urbanos e em áreas de proteção ambiental destinadas ao uso público; desenvolvimento de um turismo de aventura voltado à busca da sustentabilidade; articulação da administração local com as entidades promotoras de esportes de aventura.