Atletas Adolescentes de Futebol e a Percepção de Gênero e Identidade Social no Ciberespaço
Por A. Moioli (Autor), M. C. Zanetti (Autor).
Resumo
As novas concepções do comportamento humano forjado pela revolução tecnológica, bem como o ambiente modulado pelas relações interpessoais que se formam nas redes sociais digitais, provocam um forte contrassenso à medida que essas redes podem aproximar e ao mesmo tempo isolar o indivíduo em uma bolha virtual que o imuniza de toda sorte de problemas e dificuldades do mundo físico atual, além de protegê-lo dos ataques das diferentes tribos e grupos. Assim, na realidade virtual, por meio das redes sociais digitais como Twitter, Whatsapp, Facebook, entre outros, o sujeito cibernético pode assumir diferentes papéis, identidades sociais e gradações de gênero. O presente estudo teve como objetivos centrais, observar como a exposição virtualizada do corpo nas mídias digitais têm impacto na formação da identidade e nas relações de gênero e ainda, verificar como a narrativa dos viajantes do ciberespaço idealizam seus papéis nas relações interpessoais livres de preconceitos e da avaliação social. Para tal, este estudo é pautado pela abordagem qualitativa e está balizado na pesquisa documental. Os dados para análise foram recolhidos a partir do acompanhamento e da seleção das mensagens postadas pelos participantes na rede social Facebook, em um grupo de status criado unicamente para a discussão do tema. Somente o pesquisador, que era o administrador, autorizava o ingresso de novos membros, garantindo assim, privacidade aos integrantes. Foram selecionados e aceitos 15 participantes do sexo masculino, com idade entre 15 e 21 anos, pertencentes às equipes de futebol da cidade de São José do Rio Preto-SP que participaram do Campeonato Paulista das categorias de base na temporada 2013/14. Este grupo constituiu-se como amostra da pesquisa. Os procedimentos metodológicos adotados para análise e interpretação dos dados tiveram como base a netnografia e análise de discurso. Com a categorização dos temas de discussão, observou-se que o sujeito virtual adota marcas próprias da representação social deste momento contemporâneo, caracterizadas por um comportamento hedonista e cibernarcisista. Fato que lhe garante a privacidade necessária para representar diferentes papéis nas relações interpessoais firmadas nas redes sociais virtuais e ainda, a possibilidade de ocultar suas origens e assim, assumir outras gradações de gênero. Isso permite, observado nas narrativas, livrar-se das sequelas oriundas das instituições que, apesar do momento histórico, ainda exercem poder na educação, no controle das normas sociais e, de forma subjetiva, orientam a formação de uma sociedade falocentrica e sexista.