Resumo
O triathlon Ironman consiste em percorrer 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo, seguidos de 42,2 km de corrida, com duração média de doze horas. A exposição prolongada aos fatores ambientais, dos quais o calor e a umidade trazem mais dificuldade para a manutenção do equilíbrio térmico, leva a uma substancial perda hídrica pelo suor, com taxas variando de 1 a 2 L/h. Portanto, é importante estimar estas perdas para prover estratégias corretas para organizadores e atletas quanto ao consumo de líquidos e eletrólitos durante a prova. A pesagem antes e após a prova tem sido o método mais aplicável para avaliar estas perdas hídricas. É importante observar, porém, que nem toda perda de peso no triathlon de longa duração reflete a verdade sobre e perda de líquidos. Alguns autores sugerem que a perda de peso absoluta durante uma prova de endurance superestima a perda líquida. De fato, 1 a 2 kg parecem ser perdidos de outras fontes que não fluidos, incluindo metabolismo da gordura e reservas de carboidrato e liberação de água intracelular associada ao glicogênio armazenado. O objetivo deste estudo é descrever as alterações hídricas e eletrolíticas encontradas em atletas no Ironman Brasil em Florianópolis no ano de 2006 e a possível correção destes valores. Com este intuito 26 atletas foram pesados 15,7 e 2 dias antes da prova, imediatamente antes e após a realização da mesma. Também foi feita avaliação da composição corporal através de dobras cutâneas 7 e 2 dias antes da prova. A análise de eletrólitos (Na e K) sangüíneos foi feita antes e após o evento. A variação positiva de peso ocorrida nos dias que antecederam a prova foi significativa nas 48 horas que antecederam a largada (t = -8,00) com um ganho médio de peso de 1,180 kg. O peso médio perdido pelo grupo foi de 3,023 kg que representa uma média de 4,23%. A concentração de Na aumentou na média 2,416 mEq (1,73%). Os valores médios de K de 4,7 mEq/l antes da prova e 4,49 mEq/l após a prova não obtiveram variação significativa. Os resultados mostraram que ao se aplicar o fator de correção o percentual de sujeitos que estariam desidratados baixou consideravelmente de 88,4 % para 46,15% sendo que destes nenhum com desidratação séria contra 7 ou 26,26 % assim classificados sem a correção. Houve correlação fraca entre o a concentração de Na final de a variação de peso (r = 0,263) e p= 0,195. Concluiu-se que houve uma variação positiva no peso pré-prova. Isto evidenciou o acúmulo de glicogênio e água estocados no músculo. Desta maneira, esse peso extra não contribui para a avaliação da desidratação durante a prova.