Resumo

Modelos socioecológicos enfatizam o papel dos atributos do ambiente construído na atividade física (AF) de pessoas em diferentes faixas etárias. Contudo, ainda são escassas as análises específicas sobre a consistência das associações entre esses atributos e os níveis de AF da população no Brasil. Assim, este estudo tem como objetivo sumarizar os estudos observacionais que avaliaram as relações entre os atributos do ambiente construído e a atividade física no contexto brasileiro. Ainda, tem como objetivos específicos sintetizar as evidências de consistência destas associações entre diferentes grupos etários (adolescentes, adultos e idosos) e domínios da AF (global, tempo livre e deslocamento). Para tanto, foi conduzida uma revisão sistemática da literatura científica, com base nas diretrizes de relatórios e revisões “Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses – PRISMA”, registrada no “International prospective register of systematic reviews” (PROSPERO 2021 CRD42021258588) e financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Processo 443193/2020-7). As buscas pelos artigos foram realizadas em setembro de 2022, nas bases de dados Academic Search Premier, Medline, PsycInfo, Web of Science e SportDiscus, com descritores em português e inglês. Foram incluídos artigos originais, observacionais, realizados no Brasil e que apresentassem a AF como desfecho e os atributos ambientais como exposição. A avaliação dos artigos foi realizada por meio da Ferramenta de Avaliação de Qualidade para Estudos Quantitativos desenvolvido pelo Effective Public Health Practice Project (EPHPP). Para fins de sumarização dos resultados, foi analisada a consistência das associações entre as variáveis do ambiente e de AF. Ao final do processo de seleção, foram incluídos 71 artigos nesta revisão. A maioria dos artigos foram publicados entre 2013 e 2021 (n=50), na região sul (n=36) e sudeste (n=16). Nas análises prevaleceram amostras com ambos os sexos (n=68) e adultos (n=51). A técnica probabilística de seleção da amostra (n=65) e o delineamento do estudo transversal (n=64) prevaleceram. Mais da metade dos estudos investigou a AF do tempo livre (60,56%) e utilizou medidas de autorrelato (95,77%). Boa parte das análises se concentraram nos domínios ambientais da acessibilidade (67,06%), da segurança e do desenho urbano (n=59,16%). No geral, todos os artigos foram classificados com baixa qualidade metodológica. Também prevaleceram medidas ambientais por autorrelato (76,06%). Foram identificadas e extraídas 1.310 associações testadas entre as variáveis ambientais e a prática de AF. Na análise de consistência das associações foi verificado que o acesso a espaços públicos abertos demonstrou ser um correlato significativo e consistente da prática de AF global e do tempo livre de idosos. Entretanto, outras associações não evidenciaram consistência e apresentaram uma relação na direção esperada com a AF entre as faixas etárias investigadas - acesso a espaços privados para AF, locais e serviços no bairro, estruturas e estratégias de segurança, coleta de lixo e controle da poluição, o índice de caminhabilidade, a densidade de transporte público e de equipamentos para AF.

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