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O reconhecimento como profissional da saúde ampliou a inserção da educação física (EF) no setor da saúde, como por exemplo, tornando-se a quinta profissão mais demandada no Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Nesse cenário, destaco dois equívocos processuais. Imaginar que a promoção da atividade física no setor saúde começou com a chegada do profissional de educação física (PEF) nesse setor e que a formação inicial em EF era suficiente para suprir essa nova (velha) necessidade.

Em relação ao primeiro equívoco, muitas experiências de promoção da atividade física foram/estão/serão feitas no setor saúde por outros profissionais de saúde e que devem ser reconhecidas e potencializadas pela EF, sem o viés do Conselho Federal de Educação Física que preconiza a presença física do PEF para quase todas as ações de promoção da atividade física.

Quanto ao segundo, o discurso de que a EF (já) é saúde ainda impede a compreensão de que o modelo de saúde, geralmente presente no projeto político pedagógico (PPP), dos cursos de educação física, não atende as necessidades do setor. A prescrição do exercício como forma de prevenção ou de tratamento de doenças não deve ser o único conteúdo abordado na formação inicial da EF e servir de justificativa de que essa demanda está atendida.

É imperativo disciplinas que tratem dos temas: Saúde Pública, Saúde Coletiva, Promoção da Saúde, Epidemiologia, Programas e Políticas de Saúde, entre outras. Além disso, oportunidades de estágio que aproximem o estudante da atuação no setor saúde em todos os níveis de atenção à saúde e privilegie a compreensão da atuação interprofissional são necessidades ainda ausentes na maioria dos cursos de EF, seja no texto do PPP ou em sua execução real.

Essa situação a princípio pode parecer mais próxima dos cursos de bacharel em EF, porém os licenciados em EF deveriam desenvolver habilidades e competências para atuarem como agentes de promoção da saúde e desenvolverem ações em parceria com o setor saúde, esporte, meio ambiente, transporte, segurança entre outros, estabelecendo o território como referência e trabalhando em uma perspectiva de promoção da saúde, da mesma forma que o bacharel.

A Associação Brasileira de Ensino da Educação Física para a Saúde (www.abenefs.com.br) recentemente redigiu um manifesto, de forma colaborativa, reunindo as sugestões de seus associados e uma discussão presencial para apresentar inciativas simples que coordenadores de cursos de EF, docentes, profissionais do serviço de saúde e a própria ABENEFS podem realizar para avançarmos na formação inicial e continuada para a atuação no setor saúde.

A ABENEFS se coloca como um ponto da diversa rede de atores e instituições que colaboraram com o processo de reflexão e tomada de decisão sobre a formação do PEF para atuação no setor saúde. Reconhecemos que os desafios no processo de formação para atuação em outros setores são enormes, mas acreditamos que a fundamentação necessária para atuação no setor da saúde impactará significativamente nos outros cenários de atuação do PEF. 

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