Auxílio Ilegal e Sob Medida Droga Desenhada em Laboratório, o THG, Inaugura Nova Fase da Química Proibida nos Esportes
Por Marcos Pivetta (Autor).
Resumo
Ben Johnson nos jogos de Seul, em 1988: ouro nos 100 metros cassado por causa de esteróide Ben Johnson nos jogos de Seul, em 1988: ouro nos 100 metros cassado por causa de esteróide
Em meados do ano passado, um treinador cujo nome se mantém em sigilo, contatou a Agência Anti-Doping dos Estados Unidos (Usada) e contou uma história que deve ter feito rolar em sua tumba (mais uma vez) o barão Pierre de Coubertin, o francês que, no final do século 19, resgatou as Olimpíadas para a era moderna. Uma empresa de suplementos nutricionais do Estado da Califórnia, a Bay Area Laboratory Cooperative (Balco), havia desenvolvido, uns anos antes, uma droga cuja primeira e única finalidade seria turbinar o desempenho de esportistas de alto nível. E mais: uma parte da elite do atletismo norte-americano (e mundial) estava usando, impunemente, o fármaco clandestino, disse o técnico. A tetrahidrogestrinona, ou simplesmente THG, era um novo tipo de esteróide anabolizante, classe de fármacos que aumenta a massa muscular de seus usuários, conferindo-lhes mais força e potência e diminuindo o tempo necessário para se recuperar de grandes esforços físicos. A droga prometia fazer tudo isso e ainda oferecia uma vantagem extra, muito atraente para esportistas que podem ser chamados a fazer testes anti-doping a qualquer momento: risco zero de ser detectada num exame de urina ou sangue. Era uma barbada.