Resumo
Intervenções em aulas de Educação Física têm se mostrado efetivas na melhoria de indicadores de saúde física em adolescentes, no entanto, pouco se sabe acerca do efeito dessas intervenções sobre as funções cognitivas. O presente estudo teve como objetivo analisar a efetividade de uma intervenção com foco na realização de ações relacionadas às aulas de Educação Física, sobre a melhoria de funções cognitivas em adolescentes estudantes do Ensino Médio. Trata-se de um ensaio comunitário randomizado de base escolar, no qual três grupos foram submetidos à intervenção (A: aumentar o número de duas para quatro aulas de Educação Física, 3 escolas, n=319; B: realizar ações de treinamento e engajamento de professores dessa disciplina, 2 escolas, n=272; C: combinação das estratégias A e B, 2 escolas, n=212) e um grupo foi acompanhado na condição controle (3 escolas, n=224) durante seis meses. A amostra foi composta por estudantes adolescentes matriculados em 10 Escolas de Referência em Ensino Médio, com jornada integral, que faziam parte da Gerência Regional de Educação Vale do Capibaribe, em Pernambuco. Para compor os grupos as escolas foram distribuídas em três agrupamentos com características homogêneas entre si, e posteriormente sorteadas para a condição controle e para cada uma das condições experimentais previstas. Na avaliação das funções cognitivas foram utilizados a versão computadorizada do Teste Wisconsin de Classificação de Cartas para medir as funções executivas (erros perseverativos) e o Teste d2 para avaliar a atenção (número total de acertos obtidos). As análises incluíram procedimentos de estatística descritiva, testes t e Qui-quadrado, ANOVA para um fator, e regressão multinível linear de efeitos mistos para medidas repetidas, ajustados por escolaridade materna, idade, presença de quadra na escola e linha de base e estratificadas por sexo. Participaram deste estudo 1.027 estudantes com idade média de 14,9 anos (DP=1,0 ano; 56,8% moças). Destes, 255 (52,5% moças) fizeram parte da avaliação de processo. Nas escolas em que a intervenção incluiu o aumento do número de aulas de Educação Física, 87% dos estudantes referiram que esta modificação realmente ocorreu para a sua turma. Na maioria dos indicadores de processo avaliados, os melhores resultados foram encontrados no grupo que participou da intervenção C.