Resumo

A partir do pressuposto teórico de vários autores, de que a formação mista das turmas de Educação Física pode contribuir no desenvolvimento das relações humanas, em especial das relações de gênero, sentiu-se a necessidade de observar tal fenônemo nas aulas de Educação Física. Concomitantemente, uma dúvida surgiu: a formação das turmas de Educação Física baseada no sexo dos alunos interfere no desenvolvimento dos aspectos físicos e motores dos educandos? Visando compreender esta problemática o presente estudo envolve a questão do gênero na Educação Física Escolar. Especificamente, objetiva comparar os efeitos da composição de turmas de Educação Física baseada no sexo dos alunos em alguns aspectos, a saber: - Capacidades físicas: força abdominal, força de membros superiores, agilidade e flexibilidade; - habilidades motoras do handebol: arremesso com e sem apoio, drible e passe; - aspectos sociais: relacionamento com o outro sexo; conceito sobre a capacidade do outro sexo na sala de aula e na Educação Física; estereótipos de gênero para brincadeiras; pensamento e preferência com relação à formação das turmas de Educação Física baseada no sexo dos alunos. A revisão da literatura permite uma visão geral e sintética de alguns mecanismos que compõem as relações e seus efeitos na escola, na Educação Física, nas atividades físicas, enfim na vida das pessoas. A pesquisa de campo, caracterizada como quase-experimental, é um estudo comparativo que teve como sujeitos 234 alunos de quatro escolas localizadas em Guarulhos. Os dados para verificação das capacidades físicas e habilidades motoras foram obtidos através de testes convencionais e adaptados. Na análise estatística dos dados foi utilizado o Test T Student para amostras correspondentes e independentes. Os dados referentes aos aspectos sociais coletados por meio de entrevista semi-estruturada. A análise de todos foi realizada quantitativa e qualitativamente. Os resultados da pesquisa de campo não apontaram diferenças significativas entre os grupos nos aspectos verificados, o que permitiu concluir que o desenvolvimento dos aspectos físicos, motores e sociais mostrou-se, de maneira geral, independente do tipo de formação das turmas. Em consonância com os pressupostos que compõem o referencial teórico deste trabalho, constatou-se que o simples fato de se unir meninos e meninas nas aulas de Educação Física não garante que os objetivos co-educativos sejam atingidos. Entretanto, em defesa dos princípios co-educativos, reconhece-se a necessidade de estudos que visem o alcance de métodos de intervenção apropriados às turmas mistas, para maior aproveitamento de seu potencial educativo.

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