Resumo

Objetivo:
Investigar os efeitos crônicos da ausência do controle neural sobre os ajustes termorregulatórios durante o exercício físico realizado até a interrupção voluntária do esforço.

Métodos:
Aprovado pelo comitê de ética em experimentação animal da UFMG (protocolo: 109/09). 16 ratos Wistar machos foram divididos em dois grupos: submetidos à desnervação da artéria ventral da cauda (DAVC) ou cirurgia fictícia como procedimento controle (Sham- DAVC). Um sensor de temperatura foi implantado na cavidade peritoneal e, após recuperarem da cirurgia, os animais realizaram as condições experimentais: exercício físico (18•min-1 e 5% inclinação) em ambiente termoneutro (25°C) e quente (35°C) até a interrupção voluntária do esforço.

Resultados:
Durante o exercício físico, os animais DAVC apresentaram uma atenuação do aumento da temperatura da pele no ambiente termoneutro (Sham- DAVC: 32,63 ± 0,18ºC vs. DAVC: 31,48 ± 0,40ºC; interrupção voluntária do esforço; p=0,020) e quente (Sham- DAVC: 38,71 ± 0,24ºC vs. DAVC: 38,04 ± 0,19ºC; interrupção voluntária do esforço; p=0,047). Embora a dissipação de calor cutânea tenha sido atenuada, a temperatura intraperitoneal dos animais DAVC não foi diferente entre os grupos em nenhum dos ambientes. Apenas no ambiente quente os animais DAVC apresentaram redução do desempenho (Sham- DAVC: 24 ± 3 min vs. DAVC: 16 ± 2 min; p=0,034).

Conclusão:
Esses resultados indicam que a inervação vascular da cauda é fundamental para o ajuste da dissipação de calor durante o exercício físico. Nós sugerimos que a ausência crônica da inervação vascular cutânea produz adaptações morfológicas e funcionais na cauda que comprometem o ajuste adequado do fluxo sanguíneo cutâneo.