Resumo

O objetivo deste trabalho foi verificar a validade de um instrumento de auto-avaliação puberal masculina tendo como variáveis independentes a idade cronológica e a escolaridade.O instrumento consistia de uma folha de questionário de dados pessoais, duas pranchas mimeografadas com desenhos baseados nos estágios de desenvolvimento puberal de TANNER (1962) acompanhados de textos explicativos em linguagem simples para serem respondidos pelo adolescente de acordo com a sua auto-avaliação.De todos os trabalhos em auto-avaliação puberal masculina encontrados na literatura, nenhum atuou em ambiente escolar nem com grandes amostras de população.O presente estudo abrangeu 1.014 alunos de quatro Escolas Municipais de São Paulo, de quarta a oitava séries.A auto-avaliação era feita em grupos de sete e dez alunos e era entregue uma prancha por vez, sendo facultado ao aluno ir a local reservado para se observar antes da resposta, o que pouco freqüentemente foi aproveitado pelos adolescentes. Em seguida foi feita a avaliação por médico treinado que não tinha conhecimento do resultado da auto-avaliação.Dos 1.014 alunos, 501 tiveram avaliações concordantes com a avaliação médica quanto à pilosidade pubiana (49,4%) e 456 diferiram em um estágio (44,97%), destes 128 avaliaram-se em um estágio menos maduro e 328 em um estágio mais maduro que aquela.Dos 1.014 alunos, quanto ao desenvolvimento de genitais, houve concordância em 482 casos (47,5%) e divergência de um estágio em 462 (45,56), sendo 228 um estágio abaixo e 234 um estágio acima da avaliação médica.Levando-se em conta a discordância total tem-se que, para pelos pubianos, houve uma discordância maior na faixa dos 11 e 12 anos (58 indivíduos de um total de 142 e 87 de 204 respectivamente) e uma maior concordância na faixa acima de 16 anos (26 de 34). O mesmo fato se repetiu para escolaridade, quando a discordância significativa ocorreu na quinta série (119 dentre 261 meninos) e a concordância na oitava (68 de 118).Para os estágios de desenvolvimento de genitais não foram observadas diferenças significativas quanto à escolaridade, mas, quanto à idade, existe significância na discordância na faixa dos 11 anos (45 de 142 meninos). Não existe faixa etária com concordância significante.A percentagem de escolares em que as auto-avaliações de pilosidade pubiana e de desenvolvimento de genitália coincidiram, ambas com as avaliações médicas, aumentava num crescendo (com exceção dos 10 anos). A freqüência de concordância vai de 13% aos 11 anos até 44% para os acima de 16 anos. Para a escolaridade este fenômeno ainda se observa, mas se dilui, indo de 23% na quarta série para 34% na sétima, 31% na oitava.O fato da auto-avaliação ter sido feita em ambiente escolar, onde é realizada pela primeira vez, manteve as características do grupo de iguais que caracteriza os grupos adolescentes e ocasionou interferências, mas não invalidou o processo. Conclui-se que é possível usar-se o instrumento em situações de treinamento ou aula, mas não nas de pesquisa, haja visto que acima de 90% dos indivíduos (93% para genitais e 94% para pelos pubianos) ficou na faixa de erro de um estágio. Também para profissionais médicos não treinados, pode ser de valia para uma contrapartida de sua avaliação.Deve-se enfatizar a importância da informação prévia ao auto-examinando e a manutenção da privacidade do auto-exame, mesmo mantendo-se o método de coleta de dados em nível grupal, com possibilidade de levar o instrumento para casa e retorná-lo no outro dia.

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