Resumo

Em 1990, iniciei minha vida profissional na educação pública. O objetivo desta dissertação é, num primeiro momento, esquadrinhar, sistematizar e selecionar o mais relevante dessa minha jornada de professor na escola, oferecendo um relato dessa trajetória formativa e profissional com o propósito de demonstrar como a minha forma de enxergar o mundo repercutiu no meu fazer pedagógico e vice-versa. A relevância e a consequência de expor minha trajetória, nesse sentido, é que ela sirva para que essa experiência intelectual e prática não se percam na minha individualidade de um professor-pesquisador, que se encontra próximo de sua aposentadoria. Espero que a reflexão sobre minha história profissional possa contribuir, mesmo que timidamente, para que outros profissionais possam repensar suas práticas aprendendo com meus acertos e erros, e que, de alguma forma, possam recriar e reelaborar suas próprias intervenções pedagógicas. Trata-se de uma pesquisa autobiográfica que analisa a memória e os registros acumulados ao longo dos 30 anos de minha vida profissional, especialmente, os últimos 24 anos na escola em que atuo no momento, a EMEF “Eliane Rodrigues dos Santos” (ERS), na qual existe um maior número de experiências pedagógicas significativas e de materiais, produções e documentos sistematizados. O método utilizado é o dialético, que estabelece a relação entre o particular e o universal, compreende o homem como ser histórico situado em determinada sociedade com relações de produção próprias, situa a atividade humana nas suas relações de classe, compreende a subjetividade humana inseparável da intersubjetividade. Tal método também analisa o objeto nas suas múltiplas determinações, compreendendo seu movimento, sua relação com a totalidade e suas contradições. Minhas fontes inspiradoras que se mantiveram mais constantes e subsidiaram minha jornada escolar foram o marxismo-leninismo, a pedagogia histórica crítica, a psicologia cultural, as obras do intelectual Mauri de Carvalho e o Coletivo de Autores. Quando falei que faria uma autobiografia, um amigo me disse: o problema dos estudos autobiográficos é que são falhos porque, ou os acontecimentos são diminuídos pela modéstia do autor, ou, ao contrário, são supervalorizados pelo narcisismo dele. Não sei como transitei nessa definição de estrada sinuosa. Os meus possíveis leitores poderão julgar melhor minha empreitada. A meu juízo, tentei ser fiel ao máximo às minhas lembranças, mas elas também podem ser falhas. No entanto, o fato de ser um “arquivista” permitiu manter uma função mnemônica, ou seja, poder olhar, também, para aquilo que a memória esquece e perceber acertos, erros e equívocos. O mais interessante dessa pesquisa é que ela aponta para novos desafios e foram eles que me moveram a vida inteira. Sei que minha contribuição para a luta maior dos trabalhadores é ínfima, mas nunca cruzarei os braços e espero, finalmente, que só me reconheçam em uma única característica, não ser indiferente ao mundo que me cerca.

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