Resumo

O estudo buscou analisar as inter-relações da autoeficácia (AE) discente com a formação inicial de estudantes universitários de Educação Física da UFSC. Na primeira etapa, aplicaram-se a Escala de Autoeficácia na Formação Superior e a Escala de Motivação Acadêmica a 385 estudantes, no intuito de obter informações sociodemográficas, motivacionais e relacionadas à AE discente. No segundo momento, 16 estudantes foram selecionados para realizar uma entrevista, cuja finalidade foi aprofundar a compreensão acerca do papel das fontes de AE sobre a construção das percepções de AE discente, e desta sobre determinados aspectos relacionados ao comportamento dos estudantes na formação inicial. Os resultados revelaram diferenças significativas entre as percepções de AE discente, considerando-se as variáveis sexo (feminino>masculino), curso (bacharelado>licenciatura), participação em atividades de pesquisa (sim>não) e de extensão (sim>não), Índice de Aproveitamento Acadêmico (ótimo>regular) e Índice de Autodeterminação (positivo>negativo). Ao se comparar as fontes de AE, identificou-se que os estudantes mais autoeficazes costumam se engajar mais cedo em atividades de pesquisa e extensão e refletem mais sobre as experiências de fracasso do que seus colegas com percepção de menor AE discente, responsabilizando mais a si mesmos pelo ocorrido. Os estudantes mais autoeficazes procuram observar atentamente o comportamento dos colegas e professores, percebem menos problemas familiares que influenciam negativamente seu estado de saúde e levam mais em consideração as opiniões alheias no momento de refletir sobre suas condutas acadêmicas, além de se perceberem mais dedicados e envolvidos com o curso. Estes sujeitos procuram, também, estabelecer relacionamentos mais abertos com colegas e professores, cujos limites costumam ultrapassar o espaço-tempo da universidade. Por fim, os estudantes com maior AE discente sentem-se mais capazes de conciliar as demandas acadêmicas com as da vida pessoal e profissional, possuem metas acadêmico-profissionais mais elevadas e são mais propensos a aprofundar-se na busca por informações superficialmente abordadas nas disciplinas. As evidências encontradas ressaltam a importância da investigação aprofundada das crenças de AE discente no Ensino Superior, as quais podem contribuir para o desenvolvimento acadêmico e profissional do estudante, bem como para o alcance de patamares de qualidade ainda mais elevados nos cursos de graduação ofertados.

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