Resumo

O acesso a produção científica no Brasil está condicionado a superação de barreiras como endogenia acadêmica, desequilíbrio educacional, má distribuição de renda, dentre outros fatores que tornam o acesso ao conhecimento restrito a pequenos e selecionados públicos. Com o advento das tecnologias e consequente aumento do alcance e da velocidade de transmissão de informações, houve uma falsa sensação de que o conteúdo técnico-científico romperia tais barreiras. Entretanto, as limitações técnicas e estruturais tornam ainda mais profundas as desigualdades e impossibilitam o acesso igualitário mesmo quando disponibilizado por vias digitais ou por plataformas acessíveis. Ainda, soma-se a esta equação os desafios trazidos pela desinformação, compartilhamento de Fakenews, o uso de bots para manipulação de conteúdos e aumento de alcance, as câmaras de eco limitadas pelos algoritmos, dentre outros. Diante desse cenário, a presente tese investigou três hipóteses-chave: a primeira referia-se à ausência de interesse, da população brasileira, por ciência; a segunda citava as redes sociais como inadequadas para divulgação científica; e a terceira analisava se os gestores de conteúdo científico gerem suas redes sociais de forma condizente. Como metodologia foram utilizadas revisão de literatura, gestão e métricas de redes sociais, e avaliação das estratégias de divulgação, pelo Facebook, de todas as revistas brasileiras indexadas na biblioteca do Scielo. A única hipótese considerada como válida associa-se a má gestão das redes sociais pelos criadores de conteúdo técnico científico. Diante disso a presente tese verificou que apenas 44% das revistas analisadas possuem página na rede social estudada. Destas 65% são caracterizadas com status negativo por possuir mais curtidas do que seguidores, o que impacta diretamente o seu alcance. A maior parte das revistas possui periodicidade indeterminada de postagens e algumas, mesmo sendo brasileiras, realizam suas publicações em inglês o que restringe ainda mais o público brasileiro consumidor deste conteúdo e dificulta a efetivação de uma identidade entre usuário-página. Ainda temos que a análise feita com os grafos de relação entre os usuários e a página demonstrou proeminência do estabelecimento de laços fracos nas páginas de maior alcance na rede. Enquanto as que se restringem aos seus pares, possuem laços fortes, mas alcance limitado. Para ampliar o alcance, por meio das interações via laços fracos, destacam-se determinados padrões de conduta como: adequação na linguagem das publicações, na periodização, no uso de recursos audiovisuais, no uso dos insights para analise de gestão da rede, entre outros tópicos listados nessa teses e que podem servir como uma espécie de guia para divulgação científica por meio das redes sociais no Brasil

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