Resumo

A presente dissertação investiga a autonomia e democracia na organização do trabalho pedagógico da educação física na escola pública a partir da compreensão da função social da escola na atualidade e das construções teóricas que rompem com o modelo de educação voltada ao mercado. O presente trabalho pode ser caracterizado como um estudo de caso qualitativo de caráter descritivo-explicativo, sendo utilizada como base metodológica o materialismo histórico dialético apoiado pelas quatro categorias: práxis, totalidade, contradição e mediação. As condições reais de atuação e trabalho da comunidade escolar na educação regulada por normas, hierarquia e autoritarismo cerceiam a autonomia institucional. Evidencia-se no contexto estudado a existência de autonomia do alunado ao lutar e manifestar resistência à centralização do poder de decisão da organização do trabalho pedagógico da EF a cargo das professoras da disciplina, as quais não consultam o alunado a respeito da organização dos pares objetivo/avaliação e conteúdo/método, fato reproduzido de forma semelhante em outras disciplinas e na escola. O alunado individualmente exerce sua autonomia ao utilizar o direito de “livre expressão” (participação ou resistência) assegurado pela escola, porém nesse contexto não se configura enquanto coletivo ou autoorganização, do mesmo modo, são mantidos a margem dos processos de decisão e criação de alternativas reais, situação essa condicionada pelas barreiras internas e externas a sua materialização. Todavia, nenhum segmento ou membro da comunidade escolar é cerceado ou tem negado o direito de se manifestar, inclusive o alunado, o que sob essas condições, qualifica a organização do trabalho pedagógico dessa escola como um projeto contrahegemônico de educação em andamento, apesar das contradições experenciadas por sua comunidade escolar e a necessidade de seu aperfeiçoamento.

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