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         O maior cabide de empregos no esporte, concentrado na estrutura da Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO), com salários de até R$ 21 mil, encerrará as atividades no próximo dia 30.

           Criada em 2011 como “Autoridade Pública Olímpica”, a autarquia trocou de nome em 2017, e os 212 cargos existentes caíram para 90. Era o início do enxugamento da máquina que deu apoio aos Jogos Rio 2016. Agora, ainda ficarão em torno de trinta servidores para o rescaldo definitivo das atividades da autarquia, que tem orçamento de R$ 160 milhões para este ano. 

           No início, a APO foi presidida pelo general Fernando Azevedo e Silva (atual ministro da Defesa). O então ministro do Esporte Orlando Silva (PCdoB) tentou influenciar na contratação de funcionários. Mas a presidente Dilma (PT) e, mais tarde, Michel Temer (PMDB), reservavam os melhores salários para os seus apadrinhados, geralmente desocupados que nada entendiam de esporte e muito menos de olimpíada e paralimpíada. Para o trabalho que a APO tinha pela frente, aquelas indicações foram um desastre, como se comprovou ao longo da sua atuação. Um ano e pouco depois de ter assumido e ao observar onde se metera, o general Fernando pediu exoneração do cargo.

        Agora, com o final da autarquia, o ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB), tenta transferir para a sua pasta os cargos previstos para extinção. É uma jogada política ousada – mas própria do MDB –, pois confronta o discurso do governo que tenta reduzir os elevados custos da máquina pública.

         Em tese – como me informou uma fonte do governo – a ideia do ministro é reforçar a estrutura do Ministério da Cidadania, onde estão centralizadas as ações da Cultura do Esporte e Desenvolvimento Social. Mas, na prática, é a oportunidade de o MDB acomodar os seus filiados, geralmente os derrotados nas urnas. São personagens sem conhecimento do assunto que lhes serão confiados, em detrimento de técnicos e especialistas. A história política mostra que o roteiro é esse, principalmente nas pastas que foram confiadas ao MDB.

        Agora, o ministro Osmar Terra mantém roteiro partidário. Em 2009, o então senador Jarbas Vasconcelos, um dos fundadores do MDB, concedeu entrevista à revista Veja explicando, sem rodeios, o que queria o seu partido.

“O partido é uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos públicos”.

        E, pior! Ao ser indagado “Para que o PMDB quer cargos”, Jarbas Vasconcelos foi direto:

        “Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral, A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção”.

        Claro que o ministro Osmar Terra não se enquadra nesse perfil. Já o seu partido...

Tá bom assim, Capitão?