Resumo

Este estudo teve como objectivo principal estudar o limiar aeróbio de corredores de
5000m e a sua relação com o rendimento nesta disciplina de meio fundo. Para além
disso procurámos ainda identificar as velocidades de corrida correspondentes a
diferentes concentrações lácticas que mais se relacionam com o rendimento nesta
distância.A amostra deste estudo foi constituída por corredores de 5000m (n=12),
com uma média de idades de 26±3,7 anos, 65±4,9kg de peso e 174±5,1cm de
altura. Os atletas foram avaliados recorrendo ao teste de terreno de determinação
do limiar aeróbio-anaeróbio de MADER et al. (1976), sendo os doseamentos sanguíneos
realizados com um Lactate Pro Portable Lactate Analyzer. As avaliações foram
realizadas numa pista sintética de 400m, tendo os atletas realizado 4 patamares de
2000m a intensidade constante. Os incrementos de carga de um patamar para o
seguinte foram de 0,4 m/s e as velocidades de corrida situaram-se entre os 4,2 e os
5,8 m/s, em função do nível desportivo de cada atleta. As velocidades de corrida
correspondentes às várias concentrações lácticas foram estimadas por interpolação
linear e pela função exponencial y=a*e(b*x) (software CurveExpert 1.3). Os
procedimentos estatísticos foram realizados com recurso ao software SPSS 12.0 e
mantendo o nível de significância em 5%.A velocidade de corrida correspondente
ao limiar anaeróbio (V4) situou-se nos 5,18±0,16 m/s, enquanto que a velocidade
de competição (V5000) se situou nos 5,76±0,11 m/s. Os principais resultados do
nosso estudo evidenciaram que as correlações mais elevadas com a competição de
5000m foram encontradas para as velocidades correspondentes a concentrações
lácticas de 6 (r=0,91), 7 (r=0,91), 8 (r=0,90) e 5 mmol/l (r=0,90). As principais
conclusões do nosso estudo foram: 1) as velocidades mais correlacionadas com o
rendimento na competição de 5000m foram velocidades superiores à velocidade
correspondente a uma concentração sanguínea de 4 mmol/l de lactato (V4); 2) este
estudo sugere que as velocidades de corrida a intensidades superiores ao limiar
anaeróbio, poder-nos-á fornecer informações de grande utilidade para explicar
diferenças de rendimento em provas de 5000m, bem como para associar as diferentes
melhorias de prestação às alterações induzidas pelas diferentes intensidades de esforço
seleccionadas no processo de treino, para além das alterações que se venham a obter
no limiar anaeróbio.

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