Resumo

Estudos anteriores indicam risco aumentado de obesidade e distúrbios metabólicos para população infantil com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) quando comparado a população sem TEA. Objetivo: Avaliar o índice de massa corporal (IMC) e o risco cardiometabólico a partir da relação circunferência abdominal/estatura em escolares com transtorno do espectro do autismo (TEA). Métodos: A pesquisa foi do tipo transversal, a amostra composta por 32 escolares com TEA da educação básica assistidos pelo Centro Unificado de Integração e Desenvolvimento do Autista – CUIDA localizado na cidade de Maceió, Alagoas. Foram critérios de inclusão: (a) apresentar diagnóstico fechado do TEA; (b) participar das aulas da disciplina curricular educação física da escola e (c) apresentar frequência ≥ 75% nas sessões semanais ofertadas pelo Serviço de Educação Física (SEF) do CUIDA por um período ≥ a seis meses. Foi realizada avaliação antropométrica (estatura, massa corpórea e circunferência abdominal) em todas as crianças da amostra. Resultados: Dados de IMC demonstraram que 42,5% da amostra total apresentavam-se como eutróficas (7,7±1,2 anos); 26,8% apresentavam sobrepeso (10,5±1,3 anos); e 30,7% apresentavam obesidade (12,8±2,1 anos) de acordo com os pontos de corte estabelecidos por Cole et al. (2000). Os dados para status de obesidade central (risco cardiometabólico) demonstraram que 78,1% da amostra apresentavam obesidade central (relação circunferência abdominal/estatura ≥ 0,5) e 21,9%, status de obesidade não central (< 0,5) segundo Mokha et al. (2010). As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa RStudio versão 3.2.5 (2016). A associação entre status de IMC e perfil de risco cardiometabólico foi verificada pelo teste Qui-quadrado de Pearson (função em R “chisq.test”). A correlação entre estas duas variáveis foram realizadas segundo análise de correlação não-linear de Spearman (função em R “cor.test”). O nível de significância adotado foi de p<0,05. Observou-se associação entre o status de IMC e risco cardiometabólico (X2 = 12,8; p-valor = 0,001). Concomitantemente, verificou-se um comportamento diretamente proporcional entre as mesmas variáveis (rho = 0,5; p= 0,001). Conclusão: Crianças com TEA apresentam status de IMC e perfil de risco metabólico preocupantes. O aumento da massa corpórea pode ampliar ainda mais os riscos de diabetes, hipertensão arterial sistêmica e dislipidemias. A recomendação do engajamento da população escolar em programas de intervenção com exercício físico parece uma importante medida de saúde pública.