Avaliação da Atenção Visual em árbitros Centrais de Futebol Submetidos à Estresse Físico
Por Catarina Simões Padilla (Autor), Guilherme Janeiro Schmidt (Autor), Eunice do Nascimento Simões (Autor), Paulo Roberto da Silva Barroso (Autor), Erik Salum de Godoy (Autor), Jorge Henrique Narciso (Autor), Julio Cesar Tolentino Junior (Autor), Sérgio Luis Schmidt (Autor), Rubens Lopes da Costa Filho (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
INTRODUÇÃO: Estima-se que os árbitros centrais de futebol cometam entre 20-26% de erros durante uma partida. Quando tomam suas decisões em campo, devem estar atentos em todos os jogadores que estão participando da jogada, além de perceberem estímulos visuais e auditivos ao longo de todo o campo. Enquanto apita, a concentração, além da recepção e o processamento de estímulos atencionais, são essenciais para a tomada de decisão correta. Admite-se que os erros cometidos pelos árbitros estejam relacionados a diminuição da atenção que pode ocorrer em decorrência da fadiga associada ao esforço físico desprendido durante o jogo de futebol. OBJETIVO: O presente trabalho avaliou a atenção visual de árbitros antes e depois da realização de teste físico exigido pela FIFA como requisito para que o árbitro permaneça na escala de arbitragem. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo longitudinal e observacional no qual a amostra foi composta por 20 árbitros de futebol de campo do sexo masculino, com faixa etária variando de 22 a 45 anos (29,9±6,8 anos). Todos os árbitros analisados foram aprovados no teste físico. A avaliação da atenção do grupo foi realizada através do Teste Computadorizado de Atenção Visual (TCA-vis), antes e após o teste físico obrigatório exigido pela FIFA. O TCA-Vis tem duração de 15 minutos, e nele são apresentados dois estímulos visuais, alvo e não alvo. A tarefa requeria que o indivíduo respondesse ao alvo, o mais rápido possível, e que inibisse sua resposta ao estímulo não alvo. Os parâmetros analisados no teste são: percentual de omissões (número de alvos corretos assinalados pelo examinando/total de alvos corretos), percentual de erros de comissão (número de não-alvos erroneamente respondidos pelo examinando/ total de não-alvos), tempo de reação (TR) e variabilidade do tempo de reação (VTR). Cada uma destas variáveis apresenta relação com determinados aspectos atencionais, respectivamente: %omissões=desatenção; %erros=impulsividade; TR= fadiga; VTR=capacidade em sustentar a atenção. Foi realizado um Teste-T pareado afim de comparar os valores de cada variável alcançados pelos árbitros antes e depois do teste físico. RESULTADOS: Não houve alteração significativa nos erros de omissão (t=-0,34 , gl=19, p=0,74) antes do teste (M= 1%, DP= 0,13) e depois do teste (M= 1,1%, DP= 0,09). Ausência de diferenças significativas foram também observadas nos erros de comissão (t=0,14 , gl=19, p=0,90) antes (M= 3,3%, DP= 0,18) e depois do teste (M= 3,3%, DP= 0,17). Em contraste, ocorreu pequeno, mas significante, aumento do TR (t=-2,16 , gl=19, p=0,044), antes (M=381,05ms, DP=29,43) e depois do teste (M=389,53ms, DP=49,83). Foi encontrado um aumento real e significativo da VTR (t=-2,78, gl=19, p=0,012), antes (M=78,82ms, DP=29,43)e depois do teste. (M=108,26ms, DP=49,83). CONCLUSÕES: Os dados apresentados indicaram que após o exercício físico a fadiga alterou de forma pequena, mas significativa, o TR, como demonstrado nos valores aumentados deste parâmetro. A VTR está muito afetada após o teste. Tal resultado sugere que haja uma diminuição da capacidade de sustentação da atenção. Portanto, sugere-se que a avaliação da atenção deva ser utilizada como pré-requisito para a seleção de árbitros.