Resumo

Introdução: O teste de degrau (TD) é um teste de esforço submáximo, utilizado na avaliação da capacidade funcional (CF) de indivíduos saudáveis ou doentes. É um teste que não necessita de espaço físico amplo, possui baixo custo e pode ser realizado com protocolos de dois (TD2) ou seis minutos (TD6). Sabendo da ocorrência do metaborreflexo muscular inspiratório (MRMI), é relevante entender quais mecanismos dentre os envolvidos no fenômeno, se inspiratório ou periférico, tem maior influência no desempenho dos indivíduos durante o teste. É importante, também identificar se o TD2 e o TD6 têm comportamentos similares, podendo um substituir o outro. Objetivo: Comparar a determinação da capacidade funcional entre o TD2 e TD6 e correlacionar a força muscular inspiratória e periférica com o desempenho no TD2 e TD6 de indivíduos saudáveis. Métodos: Trata-se de um estudo experimental, transversal e prospectivo. Participaram desse estudo 22 voluntários saudáveis, de ambos os sexos, com média de idade de 24,00 ± 5,36 anos, estatura de 1,63 ± 0,31 m e massa corporal de 67,67 ± 17,00 kg, resultando em um IMC médio de 24,71 ± 3,15 kg/m2 . O protocolo experimental consistiu em quatro visitas, com intervalo de pelo menos 48h entre elas. Na primeira visita, foram coletados os dados pessoais e antropométricos, foram realizados questionários e avaliações para descartar doenças (cardiorrespiratória, ortopédica, neuromuscular ou reumática), foi realizada a avaliação dinâmica da força muscular inspiratória (FMI) e a familiarização com os testes de degrau e de uma repetição máxima (1RM). Na segunda e terceira visita, foram executados o TD2 e TD6, de forma aleatorizada. Na quarta visita, os indivíduos realizaram o teste de 1RM para o movimento de agachamento, com objetivo de avaliar a FMP de membros inferiores. A frequência cardíaca (FC) e o consumo de oxigênio (VO2) foram monitorizados durante todo o TD. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (CEP/HUCFF) e todos os voluntários assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados: O desempenho nos testes de degrau foi inferido pela quantidade de degraus subidos (210,55 ± 43,61 no TD6 e 78,91 ± 18,50 no TD2) e nas avaliações de força pela carga máxima alcançada (FMI: s-index médio: 120,84 ± 36,71 cmH2O; FMP: média: 106,09 ± 34,47 kg). Os valores de VO2 pico foram 23,98 ± 8,91 ml/kg.min-1 no TD6 e 22,97 ± 8,52 ml/kg.min-1 no TD2 e de FC pico foram 173,27 ± 17,86 bpm no TD6; e 161,68 ± 14,86 bpm no TD2. Adicionalmente, foram encontradas correlação forte entre o TD6 e o TD2 (r =0,86), concordância de 77,27% no Bland-Altman, com diferença estatística no teste de Wilcoxon com relação ao número de degraus; correlações moderadas entre o TD6 e o 1RM (r = 0,66) e entre o TD2 e o 1RM (r = 0,65); correlação fraca entre o TD6 e o s-index (r = 0,47); e moderada entre o TD2 e o s-index (r= 0,55); correlação fraca entre o VO2 pico obtido no TD6 e o VO2 pico obtido no TD2 (r = 0,48), enquanto foi encontrada correlação moderada entre a FC obtida no TD6 e a FC obtida no TD2 (r = 0,66). Por outro lado, não foram encontradas diferenças significativas entre o VO2 pico no TD6 e no TD2, enquanto foram encontradas diferenças na FC pico obtida nos dois testes. Conclusão: Os indivíduos parecem ter comportamentos fisiológicos similares no TD6 e TD2, indicando que os testes podem ser aplicados para avaliação da CF de indivíduos saudáveis. Adicionalmente, a FMP parece ter mais influência que a FMI no desempenho nos testes de degrau de dois e seis minutos em indivíduos saudáveis.

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