Resumo
A dor lombar crônica inespecífica está intimamente relacionada à estabilidade do tronco envolvendo fraqueza muscular ou controle motor insuficiente dos músculos profundos dessa região. Diante da necessidade de tornar as evidências mais fortes no que diz respeito à avaliação da estabilidade de tronco tanto em estudos transversais quanto em ensaios clínicos e da necessidade de observar o efeito de diferentes protocolos de tratamento sobre a mesma, o objetivo da presente dissertação é avaliar a estabilidade de tronco de indivíduos com dor lombar crônica inespecífica através da força isométrica máxima, endurance e do comportamento do Centro de Pressão (CoP) em superfícies estáveis e instáveis (“Paradigma do assento estável”). Para alcançar esse objetivo foram desenvolvidos três estudos. O primeiro estudo teve como objetivo verificar a reprodutibilidade do “Paradigma do assento estável” visto que, até o nosso conhecimento, tal protocolo não foi utilizado ainda nessa população. Ao comparar os dados avaliados com um intervalo de 48hrs foi observado que o Índice de Correlação Intra-Classe variou entre valores muito altos e altos em cinco dos seis ensaios que compõem o protocolo de avaliação. O segundo estudo teve como objetivo comparar a estabilidade de tronco entre indivíduos com dor lombar crônica inespecífica e assintomáticos. Foi observado que os indivíduos com dor lombar apresentam maior deslocamento do CoP em ensaios circulares estáveis e instáveis, menor desempenho nos testes de endurance (flexores, flexores laterais e extensores do tronco), porém sem diferença no que se refere à força isométrica máxima. Por fim, o terceiro estudo teve como objetivo observar os efeitos da adição de exercícios funcionais a um protocolo de estabilização sobre a estabilidade, endurance e força isométrica de tronco em indivíduos com dor lombar inespecífica. Para isso, foi realizado um ensaio clínico no qual a amostra foi aleatorizada em dois grupos: Grupo funcional (GF) e Grupo Tradicional (GT). Após oito semanas de intervenção, foi observado que não houve interação estatística entre os grupos, porém, houve melhora de dor, função, endurance de flexores laterais e redução do deslocamento do CoP nos ensaios circulares em ambos os grupos. Insta salientar que apenas o GT melhorou os valores de endurance de flexores de tronco. Desse modo, conclui-se que o “Paradigma do assento estável” é um instrumento reprodutível em indivíduos com dor lombar crônica inespecífica e que os ensaios circulares parecem ser mais sensíveis para identificar tanto alterações quando adaptações neuromusculares. Além disso, testes que exijam isometria máxima podem subestimar o desempenho dessa população sendo necessários testes complementares para maior clareza dos achados quanto à estabilidade desses indivíduos.