Resumo

Este é um estudo de coorte retrospectivo, com o objetivo de relatar a incidência de lesões no ombro, diagnosticadas por ressonância magnética (RM), em indivíduos atletas tetraplégicos e indivíduos tetraplégicos sedentários. Além disso, este estudo tem como objetivo avaliar se a prática de esporte aumenta o risco de lesões ao ombro de indivíduos tetraplégicos. Dez atletas tetraplégicos com lesão medular (LM) crônica foram
selecionados entre os atletas de rúgbi em cadeira de rodas da seleção nacional. Eles foram comparados com dez indivíduos tetraplégicos sedentários e todos os participantes, dos dois grupos, tiveram ambos os ombros avaliados por RM, através de um mesmo protocolo. Todos os atletas eram do sexo masculino com média de idade de 32.1 anos (DP±6.44). O tempo de lesão variou de 6 a 17 anos, com média de 9.7 anos e DP de
3.1 anos. Todos os sedentários também foram do sexo masculino, com média de idade de 35.9 anos (DP±8.36). A incidência de lesões nos ombros entre os atletas foram: 10% para lesões da articulação glenoumeral (AGU); 60% para articulação acromioclavicular (AAC); 80% de tendinopatia do supraespinal; 5% de ruptura parcial do supraespinal; 5% de tendinopatia do subscapular; 10% de tendinopatia do cabo longo do bíceps (CLB); 5% de lesões labrais; 55% de bursite e 5% de atrofia muscular. Entre os sedentários as taxas de lesões foram: 15% para AGU; 90% para AAC; 90% de tendinopatia do supraespinal; 25% de ruptura parcial do supraespinal; 25% de tendinopatia do infraespinal; 30% de tendinopatia do subescapular; 25% de lesões do CLB; 40% de lesões labrais, 60% de bursite e 30% de atrofia muscular. Análise estatística mostrou um efeito protetor do esporte no desenvolvimento de lesões no ombro para indivíduos tetraplégicos, com uma fraca correlação para tendinopatia do infraespinal e subescapular (p=0.09 e p=0.08, respectivamente), e atrofia muscular (p=0.08). Houve uma forte correlação, com resultados estatisticamente significativos, para lesões da AAC e labrum (p=0.04), com risco aumentado para estas lesões em indivíduos sedentários. Em conclusão, atletas tetraplégicos e indivíduos tetraplégicos sedentários tem uma alta incidência de tendinopatia do supraespinal, bursite e degeneração da AAC. Análise estatística mostrou um possível efeito protetor do esporte no desenvolvimento de lesões ao ombro. Uma fraca correlação foi encontrada para tendinopatia do infraespinal e subescapular e atrofia muscular (p=0.09, 0.08 e 0.08 respectivamente). Uma forte correlação, com p=0.04, sugere que quindivíduos tetraplégicos sedentários têm maior risco de lesões na AAC e labrum.

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