Resumo

O aumento do risco de lesões ao fim do jogo de futebol tem sido associado à diminuição do torque, da razão de torque e diminuição da taxa de desenvolvimento de torque (TDT), já que a diminuição da força dos flexores de joelho resultante da fadiga reduz a capacidade de absorção de energia mecânica. Diante disso, o objetivo deste estudo foi analisar os valores bilaterais de TDT, obtidos durante um teste de contração isométrica máxima do joelho, antes e após um exercício fatigante. Participaram deste estudo 26 atletas profissionais de futebol do sexo masculino e competidores da série A2 do Campeonato Paulista de Futebol no Brasil. Foram realizadas avaliações isométricas antes e após um protocolo de fadiga. Para a avaliação isométrica, os atletas realizaram três contrações isométricas voluntárias máximas (CIVM) de extensão alternadas com três CIVM de flexão do joelho bilateralmente, posicionado em um ângulo de 60°. Para a realização destas contrações os participantes foram instruídos a realizar a contração o mais rápido e o mais vigoroso possível. Já o protocolo de fadiga consistiu na realização de contrações isocinéticas máximas concêntricas de extensão e flexão do joelho à 60°.s-1 e foi assumida quando o participante foi incapaz de realizar três repetições consecutivas acima de 30% do pico de torque de extensão do joelho. A TDT foi calculada a partir do onset do torque, definido como o ponto no qual a curva de torque excedeu o torque da linha base em 2,5% do pico de torque durante as CIVM de extensão e flexão do joelho. Foi obtido um valor de TDT a cada 10ms, o que permitiu a aquisição da TDT nos seguintes intervalos: TDT50ms, TDT100ms, TDT200ms e TDTpico. Para o tratamento estatístico foi realizado o teste ANOVA three way e medidas repetidas para o fator fadiga, a fim de verificar o comportamento da TDT ([membro dominante x membro não dominante] x [extensores x flexores] x [pre fadiga x pós fadiga]). Como resultados, verifica-se efeito principal entre o grupo extensores e o grupo flexores (p<0.0001) para TDT50ms, TDT100ms, TDT200ms e TDTpico, com maiores valores para o grupo extensores. Também foi verificado efeito principal entre pre e pós protocolo de fadiga (p<0.0001) para as mesmas variáveis, ocorrendo uma diminuição do da TDT após a realização do protocolo de fadiga. Porém, nenhum efeito principal foi observado para a condição dominância (p=0.115 para TDT50m, p=0.301 para TDT100m, p=0.631 para TDT200m, e p=0.277 para TDTpico). A redução observada nos valores de TDT em função do protocolo de fadiga pode ser explicada tanto por fatores centrais quanto periféricos, uma vez que esta variável é influenciada pelo drive neural e por propriedades intrínsecas do músculo. Diante disso, estes resultados sugerem que o declínio nos valores de TDT associados à fadiga podem apresentar grande impacto na performance do atleta durante ações explosivas como sprints, chute e acelerações principalmente na parte final de uma partida de futebol.

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