Resumo
Objetivo: Avaliar as propriedades de medidas da versão brasileira da escala LoBACS em pacientes com lombalgia crônica. Método: Foram inclusos indivíduos com dor lombar crônica específica e não específica, de ambos gêneros, com idade entre 18 e 65 anos. Para avaliação da confiabilidade foram realizadas três aplicações do instrumento: os avaliadores A e B (interavaliador) aplicaram a escala com duas horas de intervalo no dia da avaliação inicial e o avaliador A (intra-avaliador) reaplicou 48 a 72 horas após a avaliação inicial. Também na avaliação inicial foram aplicados testes funcionais (Sentar e Levantar, Timed up and Go Test, Teste da Caminhada de 6 minutos) e os questionários Roland-Morris, Fear Avoidance Belief Questionnaire (FABQ –Brasil) e Questionário de Qualidade de Vida SF-36 para avaliação da validade de constructo. Para investigar a responsividade, a escala foi aplicada cinco vezes com duas semanas de intervalo e as mudanças nas pontuações ao longo do tempo foram identificadas. O Coeficiente de Correlação Intraclasse (fator aleatório-one-way random) e o Teste de Concordância de Bland & Altman foram utilizados para se avaliar a confiabilidade intra e interavaliador, assim como o Coeficiente de Correlação de Spearman para a validade. Os fatores latentes da escala e seus itens foram avaliados por meio de Análise Fatorial Exploratória e Confirmatória. A ANOVA de medida repetidas foi utilizada para avaliação da responsividade e os percentis 5 e 95 para o efeito floor e ceiling. A significância estatística foi estipulada em 5%. Resultados: as análises fatoriais indicaram a necessidade da remoção de cinco itens da escala; esta agora será composto por 10 itens alocados em quatro fatores: autoeficácia relacionada à funcionalidade (AERF), autoeficácia relacionada à autorregulação (AERA), autoeficácia relacionada ao exercício (AERE) e autoeficácia relacionada à “pró-atividade” ao exercício (AERP). Os valores de confiabilidade foram bons, com um CCI alto e uma diferença da média baixa, por exemplo, para a pontuação geral CCI de 0,89 (IC 95% 0,83;0,93) e d ̅ 0,30 (IC 95% -2,10;2,71) para a confiabilidade interavaliador e ICC de 0,86 (IC 95% 0,78;0,91) e d ̅ -1,60 (IC 95% -4,18;0,98) para intra-avaliador. As correlações entre as pontuações da LoBACS e os testes método critério variaram de baixa a moderada, no sentido esperado, por exemplo, quando o questionário Roland-Morris foi correlacionado com a pontualção Geral r = -0,41, com o domínio AERF r = -0,61, com AERA r = -0,31, para o domínio AERE r = -0,015 e AERP r = - 0,12. A pontuação geral se mostrou responsiva em todas as comparações, enquanto os quatro domínios devem ser utilizados com cautela para avaliação de evolução clínica. Ainda a respeito da pontuação geral, esta não apresentou efeito floor e ceiling, os percentis 5 e 95 para os domínios da escala quando aplicado na 8ª semana de tratamento foram: AERF = 10-100, AERA = 51-100, AERE = 48,66-100 e AERP = 46,66-100. Conclusão: a escala LoBACS se mostrou confiável, válida e responsiva para a pontuação geral.