Avaliação de medidas de estabilidade e complexidade de força isométrica máxima dos músculos extensores de joelho em pessoas com lesão do LCA
Por José Carlos Dos Santos Albarello (Autor), Sidnei Cavalcante Silva (Autor), Conrado Torres Laett (Autor), Thiago Lemos De Carvalho (Autor).
Em 46º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
As medidas da função neuromuscular são importantes indicadores da capacidade de geração de força e da saúde do sistema neuromuscular, principalmente na avaliação das consequências de lesões musculoesqueléticas. Além da força máxima, medidas como a estabilidade e a complexidade de força tem sido utilizada em diferentes contextos clínicos.
Objetivo: Investigar se diferentes medidas da função neuromuscular avaliada durante a extensão isométrica máxima do joelho estão relacionadas com as lesões do LCA e o desempenho funcional em pessoas fisicamente ativas.
Métodos: Foram analisados dados de 49 pessoas (15 mulheres) com lesão unilateral do LCA. Um teste de contração voluntária isométrico máximo dos músculos extensores do joelho foi executado para ambos os membros (lesionado e contralateral). Uma região de interesse de 1,5s de duração do sinal de torque foi usada para calcular o torque máximo (TM, média do torque atingido, em N×m), a estabilidade da força (medido pelo coeficiente de variação, CV, em %) e a complexidade da força (estimada pela entropia amostral, EA, em unidades arbitrárias, u.a.), a partir da qual o índice de simetria lateral (ISL, em percentual do membro contralateral) foi estimado. Um subconjunto de indivíduos (N=38) também realizou o teste de salto único unilateral (single hop test, SHT), também expresso como ISL. Uma abordagem não paramétrica foi usada para comparação entre os membros (teste de Wilcoxon, com coeficiente de correlação bisserial [rBS] como medida de tamanho do efeito) e para determinar a associação entre o ISL para cada medida de força e o SHT (correlação de Spearman). O limiar estatístico foi estabelecido em 5%, sendo corrigido para comparações múltiplas quando necessário. Os dados são apresentados como mediana (quartil inferior-quartil superior).
Resultados: Houve diferença significativa entre os membros para TM [contralateral, 244 (180-269) N×m; lesionado, 193 (147-258) N×m; P<0,001, rBS=0,708] e EA [contralateral, 0.11 (0.06-0.21) u.a.; lesionado, 0.15 (0.09-0.24) u.a.; P=0,027, rBS=-0,393]. Uma associação significativa e moderada foi encontrada para todas as variáveis de força e o SHT, com o coeficiente de correlação de Spearman variando de -0,454 a 0,337 (valor P sempre menor que 0,049).
Conclusão: O torque máximo e a complexidade de força obtidas durante a extensão isométrica máxima do joelho foram alteradas no membro com lesão do LCA de pessoas fisicamente ativas. Juntamente com o torque máximo, a estabilidade e a complexidade da força foram relacionadas a maiores assimetrias no desempenho funcional, corroborando sua relevância como marcadores da função neuromuscular nas lesões do LCA.