Resumo
Introdução: A Resiliência esportiva apresenta características bem especificas por tratar-se de indivíduos que vivem um contexto de constantes pressões e estresse, em virtude da concepção do esporte competitivo como um espaço de seletividade e alto desempenho. O interesse pela resiliência neste contexto se faz necessário uma vez que a competição se configura como um confronto e deste modo desencadeia pressões e medos nos atletas, e se torna uma situação impregnada de adversidade. Objetivos: Este estudo teve por Objetivo Geral analisar a dinâmica do processo resiliente em atletas paraibanos que regularmente participam de competições esportivas. Método: Contou-se com a participação, de forma não probabilística e acidental, de 263 atletas das modalidades Taekwondo, Judô, Esportes Aquáticos (Natação, Saltos Ornamentais, Nado Sincronizado), Handebol, Basquete e Vôlei, com idades variando de 12 a 40 anos (M=17,8; DP=4,9), sendo a maioria do sexo masculino (58,9%), a maioria solteira (92%), com nível de escolaridade que variava de “Ensino Fundamental” ao “Ensino Médio” (76,3%), onde (59,2%) possuíam renda variando entre mil e cinco mil reais, e (67,6%) eram católicos. Para a coleta dos dados, utilizaram-se os seguintes instrumentos: Questionário bio-sócio-demográfico, Teste de pressão desportiva, Teste do medo desportivo (Roffé, 2004), o IR – Inventário de Resiliência (Benevides-Pereira, 2008) e uma questão aberta onde foram feitas duas perguntas: O que lhe causa pressão em situação de competição? Como você resolve esta situação? Para a análise dos dados do questionário bio-sócio-demográfico e dos Testes de pressão desportiva e medo desportivo, e IR – Inventário de Resiliência fora, realizadas estatísticas descritivas e multivariadas, por meio do programa estatístico SPSS. Já para os dados da questão aberta, utilizou-se a análise de conteúdo categorial temática (Figueiredo, 1993). Resultados: Na análise de conteúdo categorial temática emergiram duas classes temáticas, 10 categorias, e 23 subcategorias, à saber: Classe Temática I – Pressão (categorias: aspectos técnicos, resultado, competição, equipe, psicossocial, ausência de pressão) e Classe Temática II – Enfrentamento à Pressão (categorias: controle emocional, atitudes competitivas, suporte social e religiosidade) em relação ao Teste de pressão esportiva as pressões mais prevalentes foram: pressão dos resultados (M=3,56, DP=1,22), auto-exigências internas (M=3,22, DP=1,42) e pressão do treinador (M=3,10, DP=1,26); em relação ao Teste de medo desportivo os medos mais prevalentes foram: medo de lesionar-se (M=2,90, DP=1,45); medo de começar mal na competição (M=2,88, DP=1,42); medo de não poder dar o que se espera (M=2,86, DP=1,35); medo de não pode dar a volta no resultado (M=2,70, DP=1,38) e medo de fracassar (M=2,67, DP=1,35). Em todos os fatores IR (Tenacidade e Inovação-TI, Sensibilidade Emocional-SE, Assertividade-AS, Empatia-EM, Satisfação no Trabalho-ST, e Competência Emocional-CE) foram encontrados escores médios altos demonstrando uma resiliência relativamente boa. Não foram encontradas diferenças significativas no teste t de Student (p≤0,05) entre modalidades individuais (Taekwondo, Judô, Esportes Aquáticos - Natação, Saltos Ornamentais, Nado Sincronizado - e Ginástica) e coletivas (Handebol, Basquete e Vôlei); mas sim em relação ao sexo nos fatores “TI”, “CE” e “SE”. Ademais para os atletas os resultaram indicaram que quanto maior a pressão por resultados maior a “TI” e a “AS”; quanto maior as autoexigências maior a “TI” e quanto maior a pressão do treinado maior a “AS” e a “EM”; em relação aos medos quanto maior o “CE” menores os medos de começar mal, de não poder dar o que se espera e dar a volta no resultado. Conclusão: O esporte é um espaço gerador de adversidade, mas que por sua vez pode promover a resiliência, o fortalecimento das redes de apoio social, do acompanhamento multidisciplinar e o treino no manejo de recursos internos e externos é fundamental para promover a resiliência.