Resumo
Introdução: O broncoespasmo induzido pelo exercício (BIE) se caracteriza como uma broncoconstrição temporária que ocorre após um período relativamente curto de atividade física. Esta condição impacta negativamente na qualidade de vida das crianças asmáticas, ocasionando limitação para atividade física. Na suspeita do BIE o mesmo deve ser confirmado através do teste de broncoprovocação com exercício, porém, é frequentemente diagnosticada apenas a partir do relato dos pais ou dos próprios pacientes acerca dos sintomas de asma associados ao exercício. Objetivo: Avaliar se existe associação entre as queixas de sintomas respiratórios ao exercício com a resposta do teste de broncoprovocação com exercício em esteira, bem como comparar a influência da queixa sob a força muscular respiratória, qualidade de vida e perfil de atividade física das crianças. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo transversal e analítico, realizado com crianças de 6 a 12 anos em acompanhamento ambulatorial. Resultados: Foram incluídas no estudo 45 crianças com diagnostico de asma, sendo 12 sem queixas respiratórias ao exercício, alocadas no grupo QN e 33 com pelo menos uma queixa compondo assim o grupo QP. Vinte e duas crianças (48,8%) apresentaram queda de VEF1 maior ou superior que 10% em qualquer dos tempos da espirometria. Não houve diferença significativa entre os grupos com e sem queda maior ou igual que 10% do VEF1 pós exercício quanto as queixas respiratórias (p=0,314), controle da asma (p=0,189), perfil de atividade física (1,000). O grupo QP apresentou piores resultados que o grupo QN. Sendo significativos quanto ao VEF1 aos 5 minutos, VEF0,75 aos 20 e 30 minutos e FEF 25-75 aos 10, 20, e 30 minutos. As crianças com queixa positiva apresentaram menores escores de qualidade de vida que o grupo queixa negativa em todos os domínios com significância no domínio sintomas (p=0,037) seguido do domínio limitação das atividades (p=0,019). Conclusão: Não houve relação entre a queixa dos sintomas respiratórios e a resposta obtida no teste de broncoprovocação com exercício. Somente as queixas respiratórias não fornecem um diagnóstico preciso do BIE e testes objetivos são necessários para seu correto reconhecimento. As crianças queixosas apresentaram pior desempenho na espirometria pós exercicio e apresentaram pior qualidade de vida que seus pares em queixas. Desta forma, crianças asmáticas poderiam, assim, se beneficiar de intervenções multiprofisisonais por meio de programas de condicionamento físico