Resumo

Introdução: A manutenção do equilíbrio é essencial para a execução de atividades da vida diária e para a prática de atividade física e desportiva. No jogo do futebol, para que uma determinada atividade possa ser executada com êxito ele exige diferentes habilidades motoras, incluindo equilíbrio postural em apoio unipodal em condições instáveis. Esta realidade nos leva a refletir sobre a maneira pela qual as crianças regulam seu equilíbrio postural durante uma atividade esportiva e de que maneira a escolha de apoio unipodal sobre um determinado membro inferior poderia ser um fator perturbador do controle postural. Durante a manutenção do equilíbrio não é sabido se o controle do membro inferior dominante e não dominante ocorre de forma simétrica, em patologias unilaterais e mesmo em pessoas saudáveis parece existir um maior controle do membro dominante. Objetivo: O objetivo deste estudo foi verificar o equilíbrio postural estático em apoio unipodal sobre os membros inferiores dominante e não dominante em crianças praticantes da modalidade de futebol de campo. Materiais e Métodos: Vinte e duas crianças com idades entre 13 e 16 anos, praticantes de futebol de campo, participaram do estudo. Um teste de dominância de membro inferior foi realizado previamente com cada participante. Os testes de equilíbrio foram realizados sobre a plataforma de força BIOMEC400, em apoio unipodal utilizando o membro inferior dominante e não dominante. O protocolo de avaliação foi realizado em ordem randomizada com os seguintes testes: Teste de equilíbrio estático em apoio unipodal com o membro inferior dominante durante 30s. Após um minuto de repouso teve início o teste estático em apoio unipodal com o membro inferior não dominante durante 30s. Três tentativas em sequência foram acordadas para cada membro inferior, com períodos de repouso de 30s entre as tentativas. Foram utilizados os seguintes parâmetros de equilíbrio baseados no centro de pressão (COP): área de elipse do COP (cm2), velocidade média de oscilações do COP (cm/s) e frequência média de oscilações do COP (Hz), nas direções de movimento ântero-posterior (AP) e médio-lateral (ML). O teste-t de Student para amostras dependentes foi utilizado para comparar o membro inferior dominante com o não dominante. As análises estatísticas foram realizadas no programa estatístico SPSS (versão 21.0) com a significância adotada de 5% (p≤0.05). Resultados: A média de idade dos participantes foi de 14,5 (±1,05) anos. No teste de dominância 19 participantes (86,4%) apresentaram o membro inferior direito como lado dominante e 3 (13,6%) o lado esquerdo. Para maioria do parâmetros de equilíbrio estudados, a média dos resultados obtidos não mostraram diferença significativa durante o teste de equilíbrio unipodal entre o membro inferior dominante e não dominante (p>0,05). A única diferença foi registrada para a frequência média de oscilações do COP na direção médio-lateral (p=0,02), com valores de 0,818 (±0,19) para o lado dominante e 0,885 (±0,20) para o lado não dominante. Apesar do teste de dominância realizado apresentar preferência por um determinado membro inferior, após os testes de equilíbrio estático unipodal 14 participantes relataram maior facilidade de equilíbrio no membro inferior descrito como não dominante. Sugere-se que tal comportamento é baseado na percepção da complexidade da tarefa, direcionando o membro dominante para aspectos de maior dificuldade na ação motora (como chute ou drible), utilizando o outro lado como base de apoio durante as tarefas. Conclusão: A escolha de utilização do membro inferior dominante ou não dominante parece não influenciar o equilíbrio postural estático em apoio unipodal nas crianças praticantes de futebol de campo.

Acessar Arquivo