Resumo

Policiais civis representam uma classe de trabalhadores diferenciados, que lidam em sua rotina laboral com perigos próprios do exercício da profissão, como a violência e o risco de morte. Tais fatores podem gerar estresse, distúrbios no sono e outros problemas de saúde física e mental, comprometendo a qualidade de vida (QV) destes trabalhadores. Ademais, bons níveis de atividade física (NATF) são necessários não só para o desempenho do serviço policial, como também para a prevenção e minimização dos efeitos de uma atividade laboral que demanda elevadas exigências físicas e psicológicas. Objetivos: a) avaliar o nível de atividade física, a aptidão cardiorrespiratória (ACR), a qualidade de vida, o perfil de sono e de tempo sentado (TS) de Agentes da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF); b) verificar a associação entre NATF e QV de Agentes da PCDF; c) comparar NATF, ACR, QV, qualidade do sono (QS) e TS das diferentes classes de Agentes da PCDF e entre os gêneros; d) verificar a correlação entre diferentes variáveis (NATF, ACR, QV, tempo de serviço) de Agentes da PCDF. Métodos: Pesquisa desenvolvida em Agentes da PCDF, lotados em 5 Delegacias Circunscricionais do Distrito Federal (55 policiais), que responderam a questionários que avaliam nível de atividade física (International Physical Activity Questionarie – IPAQ), aptidão cardiorrespiratória (Questionário de Auto Relato de Atividade Física), qualidade de vida (World Health Organization Quality of Life – WHOQOL) e índice de QS (PITTISBURG), além de variáveis sóciodemográficas e profissionais. Distribuição dos dados observada através do teste de Shapiro-Wilk e emprego de estatística não paramétrica. Para algumas análises os voluntários foram agrupados em Grupo 1 (maior tempo de carreira) e Grupo 2 (menor tempo de carreira); para comparação entre grupos e gêneros foi adotado o teste Mann-Whitney e uso do modelo GLM para correção das variáveis confundidoras, teste Qui-Quadrado/Exato de Fisher e cálculo de odds ratio (nos casos onde a associação foi significativa) para avaliação da associação entre variáveis categorias. Para verificar a correlação entre as diversas variáveis foi utilizado o teste de Spearman. Dados expressos em frequências absolutas e relativas, nível de significância adotado de p≤0,05 e análises conduzidas nos softwares Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 17.0 e G-Power 3.1.7. Resultados: Observou-se prevalência de policiais fisicamente ativos de 72,7% (IC95% 61,0 – 84,0) com tendência (p=0,07) de que as mulheres sejam mais fisicamente ativas do que os homens e policiais do G2 sejam mais fisicamente ativos do que os do G1 (p=0,08); houve prevalência de 36,4% (IC95% 24,0 – 49,0) de policiais que atingiram as recomendações de ACR para o gênero, sendo que policiais do G2 demonstraram melhores níveis de ACR do que os do G1 (p<0,01) e odds ratio demonstrando que o G1 tem 1,7 vezes menos chance de ter a ACR recomendada. Observou-se escores de QV acima de 70 para a amostra total em todos os domínios, à exceção do meio ambiente, com os policiais do G2 demonstrando escores mais altos do que os do G1 para o domínio físico (p=0,02). Houve prevalência de 29,1% (IC95% 17,0 – 41,0) de policiais com qualidade de sono boa e de 21,8% (IC95% 11,0 – 33,0) que permanecem >8 horas/dia sentados. Conclusão: Os Agentes de Polícia aqui avaliados são, na maioria, fisicamente ativos, tem baixa ACR para a profissão, QV boa em todos os domínios (à exceção do meio ambiente), qualidade do sono ruim e baixa prevalência dos que ficam >8 horas/dia sentados. Além disso, não são fumantes (0%), sendo que mulheres e voluntários do G2 apresentaram melhor QV, NATF e ACR do que homens e voluntários do G1.

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