Resumo

Introdução: Evidências mostram que o excesso de peso das mochilas resultam em alterações da postura corporal, acarretando prejuízos a estrutura fisiológica da coluna vertebral. Além disso, o modelo das mochilas e o modo como elas são carregadas também são fatores que influenciam na postura. Nesse sentido, a Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere que o limite de peso da mochila escolar ultrapasse 10% da massa corporal enquanto que a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) sugere que o limite seja de até 15% da massa corporal. Objetivo: Logo, foram objetivos deste estudo avaliar o peso das mochilas de escolares, comparar com os limites sugeridos pela OMS e SBOT e avaliar os hábitos posturais de crianças e adolescentes em idade escolar. Métodos: A amostra foi composta por 182 escolares, de ambos os sexos com idade entre 10 e 16 anos (média: 13 e desvio-padrão: 1,4 anos) regularmente matriculados no ensino fundamental II de uma escola pública do munícipio de Ibirité/MG. O procedimento de coleta de dados envolveu a aplicação do Instrumento de Avaliação da Postura Corporal e Dor nas costas (BackPEI). O BackPEI é um questionário válido e reprodutível, constituído por 21 questões fechadas que possui uma versão para cada sexo. O questionário aborda questões sobre: (1) dor nas costas nos últimos três meses (ocorrência, frequência e intensidade); (2) demográficas (idade e sexo); (3) socioeconômicas (escolaridade dos pais/responsáveis e tipo de escola); (4) comportamentais (atividade física, ler/estudar na cama, horas/dia assistindo televisão e ao computador); (5) posturais (modo de sentar para escrever e utilizar computador, modo de transporte do material escolar, modo de dormir e modo de sentar para conversar) e (6) hereditárias (ocorrência de dor nas costas nos pais). Após essa etapa, foram iniciados os procedimentos de coleta dos dados antropométricos. As medidas de estatura foram feitas com os alunos descalços através de uma fita métrica posicionada na parede da sala. Os voluntários foram pesados, descalços, vestidos com uniforme habitual das aulas, sendo registrados os valores de massa corporal e peso das mochilas por meio de uma balança digital portátil (Marca G-LIFE, Brasil) com graduação de 100g e capacidade para até 150 kg. As pesagens ocorreram em duplicata, durante dias alternados. Do total de 182 escolares voluntários, apenas 164 realizaram os procedimentos antropométricos descritos anteriormente. Foram excluídos 18 voluntários por não estarem presentes na data. Utilizou-se o teste t de student para comparação das medias da massa corporal com os valores de referencia de 10 e 15% da massa corporal dos escolares e a estatística descritiva para a apresentação dos dados dos questionários. Resultados: Os resultados mostraram que o peso médio das mochilas escolares está abaixo dos limites sugeridos pela OMS e SBOT e os hábitos da postura corporal são inadequados quanto a postura sentada para escrever, sentada em um banco, postura para utilizar o computador e postura para pegar algum objeto no chão. Verificamos que o modelo e o modo de carregar o material escolar são adequados. Analisando por sexo, verificamos que 87,3% dos meninos transportavam a mochila de modo adequado, enquanto somente 46,0% das meninas o faziam corretamente. Conclusão: Conclui-se que os alunos da cidade de Ibirité carregam as mochilas abaixo dos limites sugeridos pela OMS e SBOT. Além disso, meninas preferem carregar o material escolar de modo unilateral e ler e/ou estudar na cama e estão mais propensas a sentir dos nas costas em relação aos meninos.

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