Resumo

 Introdução: O comportamento sedentário e o baixo nível de atividade física representam fatores de riscos modificáveis para diversas doenças crônicas não transmissíveis. No Brasil, cerca de 49,4% da população não atende a recomendação mínima para prática de atividade física no lazer. Dessa forma, com a finalidade principal de oferecer uma alternativa de exercícios físicos supervisionados para grupos de risco, foi implantado em 2010, pelo Programa de Ensino pelo Trabalho para Saúde (Ministério da Saúde/UFMT), o projeto denominado "Comunidade em Movimento", atuante em parceria com unidades básicas de saúde da família em Cuiabá. Objetivos: O objetivo da presente dissertação foi avaliar se os profissionais expostos ao grupo de exercício físico "Comunidade em Movimento" apresentam maior prevalência de aconselhamento para prática de atividade física em relação à profissionais que não trabalham em unidades onde o projeto atua e se o grupo de exercício físico causa efeito positivo na saúde dos participantes. Metodologia: Para contemplar os objetivos foram realizados dois estudos. O primeiro trata-se de um estudo descritivo transversal onde os trabalhadores responderam questões relacionadas a promoção da atividade física em sua prática profissional, bem como seus conhecimentos sobre as recomendações populacionais para prática de atividade física. Foi verificada a proporção de acertos para cada variável das recomendações e a associação entre aconselhamento para atividade física com as variáveis "nível de conhecimento sobre as recomendações" e a exposição ao projeto "Comunidade em Movimento". O segundo estudo trata-se de um ensaio quasi-experimental, do tipo antes e depois. Cinco grupos de exercícios físicos projetados para melhorar a aptidão física geral dos participantes foram conduzidos por profissionais de educação física, totalmente gratuitos e abertos a comunidade em duas sessões semanais (2ª e 4ª feiras), com duração de 60 minutos. As avaliações foram realizadas entre maio de 2013 e junho de 2014. Cento e sessenta e nove participantes adultos com média de 52,4 (±13,9) anos de idade (162 mulheres e 7 homens) foram avaliados no início da pesquisa. Os participantes passaram por avaliações antropométricas (peso, estatura e circunferência de cintura), aptidão cardiorrespiratória pelo Teste de Caminhada de 6 minutos (TC6M), força de membros inferiores e superiores, flexibilidade, pressão arterial sanguínea, frequência cardíaca de repouso e prática te atividade física no lazer, no início e no mínimo 6 meses após ingresso no grupo de exercício. Todos os procedimentos das pesquisas foram aprovados pelo CEP HUJM-UFMT (nº749.408). Resultados: Em todas as variáveis da recomendação para prática de atividade física houve baixa prevalência de acertos. Apesar disso, cerca de 60% afirmaram aconselhar a prática de atividade física. Além disso, onde o projeto "Comunidade em Movimento" foi implantando houve maior probabilidade dos profissionais aconselhar para prática de atividade física em sua rotina de trabalho (RP=3,630; IC=1,713:7,692; p<0,001). Quanto aos participantes do grupo de exercício, 53 forneceram dados para análise após 6 meses, atendendo aos critérios de inclusão. Houve aumento significativo (p<0,05) do desempenho no TC6M, flexibilidade, força de tração de pernas e aumento da prática de atividade física no lazer. Também houve redução significativa da pressão arterial sistólica e diastólica. Conclusão: Os profissionais apresentam baixo conhecimento sobre as recomendações para atividade física e a existência do grupo de exercício estimula o aconselhamento para prática de atividade física. Os participantes do grupo de exercício apresentaram melhoras significativas na aptidão física e níveis pressóricos, bem como na atividade física no lazer.

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